Fernando Gomes na despedida da FPF: "Faltou a conquista do título mundial"

Último jogo com a Seleção masculina de futebol: "Não se pode dizer que seja uma despedida. Vamos continuar a acompanhar a Seleção, a ser fãs incondicionais. Despedida meramente da presidência da FPF após três mandatos. Creio que ao fim destes 13 anos e daquilo que fizemos na promoção do futebol português só podemos estar relaxados. É o último jogo que a Seleção disputa neste período, sem deixar de referir que ainda temos a qualificação da seleção feminina para conquistar. Além das outras seleções, os sub-19 no futsal, a seleção feminina de futsal e o Mundial... Esta Seleção já está apurada para os quartos de final da Liga das Nações, estando pela segunda vez consecutiva num apuramento direto. Satisfação muito grande por termos feito o que tem sido palpável no futebol português."

Primeiro jogo enquanto presidente da FPF: "Recordo-me perfeitamente do primeiro jogo: 28 de fevereiro de 2012, inauguração do estádio de Varsóvia, um Polónia-Portugal (0-0). Se perspetivava ao fim destes 13 anos tantas alegrias, sinceramente tinha algumas dúvidas. Já tínhamos tido seleções fantásticas, a chamada geração de ouro, em 2004 a final de um Europeu em casa, a meia-final de 2000, a meia-final de 2006... Estávamos com aquele sentimento de ficar muito próximo. Sonhávamos poder conquistar um dia e, felizmente, a 10 de julho de 2016, tivemos a felicidade de ver o Éder marcar aquele golo e dar-nos o primeiro título de campeão europeu."

Legado que deixa: "O legado cumpre às outras pessoas avaliarem o que fizemos. Olhando objetivamente para uma federação e para os resultados, não há dúvida que tivemos conquistas extremamente importantes. Europeu de sub-17, Europeu sub-16, duas vezes campeão do Mundo de futsal, duas vezes campeão do Mundo de futebol de praia... O Euro 2016 e a Liga das Nações em 2019 nunca serão esquecidos e, nessa perspetiva, pode ser um legado imenso. Gostaria de ter conquiistado o título de sub-21, foi pena em 2015 e 2021. A Seleção sub-21 tem feito um trabalho fantástico e fica essa pequena mágoa. A maior parte dos jovens que chegam à Seleção A passaram por lá. Essa pequena não conquista gostaria de ter visto, mas podemos estar felizes. São as outras pessoas que devem avaliar."

Muitos anos ligado ao desporto em Portugal: "Já tenho um trajeto ligado ao desporto. Dirigente desportivo durante 32 anos, praticante durante 17. Dei muito ao desporto. Todos temos sentimento e estou consciente, tenho opinião positiva e favorável à limitação de mandatos. É tempo de outras pessoas ocuparem os cargos."

Mundial a faltar: "Acima de tudo, o que nos faltou foi a conquista do título mundial. Em 2022 tínhamos todos muita esperança, nomeadamente após a vitória estrondosa com a Suíça nos oitavos de final. Todos ficámos ansiosos e extretamente positivos que poderia acontecer ali. Infelizmente não aconteceu, é a pequena mágoa que levamos. Eu, o João Pinto, o Humberto Coelho... Acima de tudo, ficamos extremamente honrados e satisfeitos pelo que fizemos nestes 13 anos."

Agradecimento: "Uma palavra de agradecimento profundo. Lembro-me que alterámos a nossa relação com os adeptos no primeiro jogo que fizemos em Portugal, na Luz, antes de irmos para o Euro 2012. O estádio estava completamente cheio. Os estádios que recebiam a Seleção estavam sempre cheios. E esse apoio que se traduzisse quando jovámos fora. No Euro 2024 houve apoio fantástico, um mar de portugueses. Em 2016 aconteceu o mesmo e, em 2024, foi igual. Um agradecimento profundo. Conseguimos que essa interação fosse dos dois lados. Que os portugueses se lembrem que há mais seleções para lá da masculina. Precisamos muito do apoio dia 29, à Seleção feminina."

Sentirá falta deste cargo? "Quando deixamos algo que gostamos muito fica sempre alguma nostalgia. Mas sou português, fã da Seleção e não fará falta, porque irei sempre acompanhar a Seleção."