Fernando Gomes e as polémicas que envolvem o Mundial'2022: "O Catar sabia..."
Presidente da Federação Portuguesa de Futebol concedeu uma longa entrevista ao jornal Marca, na qual falou, entre outros temas, do Mundial'2022 do Catar e da candidatura ao Mundial'2030.
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Coordenação entre Portugal e Espanha na preparação da candidatura ao Mundial'2030: "Foi extremamente fácil, como era de esperar. Já existe um conhecimento mútuo de muitos anos e excelentes profissionais de ambas as partes. Agora teremos um trabalho adicional com a integração da Ucrânia na candidatura, mas as pautas estão bem definidas e teremos uma excelente proposta."
Inclusão da Ucrânia na candidatura de Portugal e Espanha acrescenta uma carga emocional na luta pelos votos? "Garanto que não houve esse pensamento quando tomámos a decisão. O que houve foi um desejo genuíno de integrar a Ucrânia numa candidatura europeia ampliada. Como disse em Nyon, quando formalizámos a inclusão da Ucrânia, o futebol é muito mais do que futebol, cada vez mais. Para mim foi uma decisão lógica e natural. Continuar com esta candidatura indiferente ao que acontece na Ucrânia seria incompreensível."
Qual a sua opinião sobre o Mundial do Catar? "Entendo a pergunta e não me vou esquivar. O Campeonato do Mundo do Catar decidiu-se há 12 anos, utilizando um modelo de votação diferente do que vigora na atualidade. A ideia era levar o Mundial a uma região geográfica que nunca tinha recebido a principal competição de futebol, como se fez com a África do Sul em 2010. Uma ideia meritória em si mesma e que constituía uma oportunidade para o Catar. Infelizmente, já sabemos que as coisas não correram bem até agora."
Garantias da FIFA sobre segurança e inclusão para todos: "O que se discute nos circuitos internos nem sempre é de conhecimento público. A FIFA deu garantias, durante uma reunião em outubro, com a UEFA, sobre segurança e inclusão para todos. Em relação aos trabalhadores imigrantes e as suas famílias, a nossa posição é clara: há que fazer algo para os apoiar."
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Ambiente saudável para a competição? "O Mundial é um momento único por aquilo que representa, não só em relação ao futebol, mas pelo encontro de pessoas de todos os continentes, de diferentes culturas e crenças, e isso é uma riqueza sem igual. Mas para que isso aconteça, devem criar-se condições. A FIFA e as autoridades locais disseram que assim será."
Expectativa: "Não será aceitável que haja discriminação de nenhum tipo, nem restrições à liberdade de Imprensa durante o Campeonato do Mundo. Quando fez a candidatura, o Catar sabia do espírito e do ambiente que se vive numa competição desta magnitude. É necessário que haja honra a esse compromisso. O mundo inteiro está muito atento ao que vai acontecer no Catar."
O Catar será um ponto de viragem nas futuras decisões sobre quem receberá as provas? "Não tenho uma bola de cristal para responder, mas acho que as pessoas que são responsáveis por este tipo de decisões devem ser cada vez mais conscientes do que o seu voto implica."
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