FC Porto faz o primeiro jogo europeu sem Pinto da Costa numa cidade marcante
No dia em que fez 21 anos de presidência e na véspera de selar a final da Taça UEFA, a lenda portista foi recebida pelo Papa. Equipa quer dar-lhe o apuramento e até o avião foi decorado a negro
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A vida segue para o FC Porto, mas ainda com o peso do luto bem presente, num período de recomeços marcantes, depois da morte da maior figura. Venceu o primeiro jogo sem Pinto da Costa vivo e enfrenta hoje o primeiro desafio europeu, logo com caráter absolutamente decisivo, sem ter conseguido vantagem no jogo caseiro, e numa cidade que tanto dizia ao “Presidente dos presidentes”. Católico devoto, o histórico dirigente teve um dos dias mais emotivos de uma vida cheia em Roma, onde a 21 de abril de 2003, no dia em que completou 21 anos de presidência, foi recebido pelo Papa João Paulo II no Vaticano. Se alguma coisa poderia emocionar Pinto da Costa sem ser o FC Porto, seria por aqui. “É um momento inesquecível, quando lhe beijei o anel, o Papa reconheceu que estava a falar com o presidente do FC Porto. Foi com grande orgulho que estive aqui e ouvi o Papa, em português, a referir-se ao clube, estou sensibilizado pelo carinho que prestou”, comentou na altura o líder dos dragões, em declarações emocionadas aos jornalistas que acompanhavam o clube numa meia-final europeia. No dia seguinte, no Olímpico de Roma, de onde se traça uma linha reta no mapa até ao Vaticano, a equipa de José Mourinho empatou sem golos com a Lázio e carimbou a presença na final da Taça UEFA, que ganharia de forma épica ao Celtic.
Foi o quarto de sete troféus internacionais que Pinto da Costa deu ao clube, o maior e mais pesado legado de todos os que Pinto da Costa deixou e que não deixa a atual equipa indiferente. “É uma pessoa que dispensa apresentações, tanto pelo que fez pelo FC Porto como pelo futebol português. Sentimos que lhe devemos esta passagem à próxima eliminatória”, vincou Fábio Vieira, jogador formado no Olival e um dos que mais sentiu o minuto silêncio prestado em Faro. Para Anselmi, recém-chegado ao clube, os últimos dias foram emotivos, mas também uma lição de portismo. “Foi algo muito emotivo para mim ver o carinho que aquela gente lhe transmitiu na despedida. A quantidade de cachecóis e de lembranças que deixaram no Dragão, ver o cortejo fúnebre descer a rua até ao estádio, perceber como as pessoas se sentiam e o carinho que nos transmitiam quando contactavam connosco… para mim foi algo muito emotivo e deu para perceber a magnitude do homem de quem nos despedimos. Foi um acontecimento muito emotivo para todos e muito importante para mim, porque me fez perceber tudo o que significa o FC Porto” , referiu.
Como habitualmente, o interior avião que transportou a equipa estava personalizado, mas desta vez com panos negros, porque as homenagens ainda estão longe do fim. Mesmo no exterior as palavras FC Porto também estavam a preto e até Claudio Ranieri, treinador da Roma, dedicou umas palavras a Pinto da Costa: “Lamento muito. Ele era o FC Porto. Se me lembro bem, foram 42 anos como presidente, o que é muito. Tinha saído há pouco tempo, que descanse em paz”.
De referir que apenas duas das seis deslocações do FC Porto à capital italiana nas provas europeias não aconteceram na era Pinto da Costa. A de 81/82, num 0-0 com a Roma e a recente derrota 1-2 com a Lázio, já neste edição da Liga Europa. Pelo meio, uma vitória (3-0) e uma derrota (1-2) com o rival desta tarde e dois empates coma Lázio.