Fã de Cruyff e de três centrais e admirador de presunto e calçado: eis Roberto Martínez
Na seleção da Bélgica, Roberto Martínez utilizou muitas vezes o 3x4x3, mas preferia o 3x4x2x1. Gosta que as suas equipas dominem e controlem o adversário. Nasceu na Catalunha mas não se mete em lutas políticas, sublinhando que é espanhol e catalão. Casado com uma escocesa, tem duas filhas.
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Roberto Martínez é fortemente influenciado pela corrente tática de Johan Cruyff. O novo selecionador de Portugal gosta que as suas equipas dominem e controlem o jogo. Admira o toque suave, de pé para pé, em velocidade. É um adepto do 3x4x3 ou 3x4x2x1... Estes foram os esquemas que privilegiou na seleção belga.
Habitualmente, os treinadores defendem-se dizendo que atuam de acordo com as armas que têm à disposição, mas a verdade é que Martínez mesmo dispondo de laterais de origem, na Bélgica, preferiu quase sempre jogar com três centrais. Esta poderá ser uma das mudanças profundas em relação ao quarteto defensivo utilizado por Fernando Santos durante os oito anos que comandou a Seleção Nacional.
E foi logo em 2016, quando substituiu Marc Wilmots no comando da seleção da Bélgica, que Martínez começou a impor as suas leis. A mudança, de resto, surtiu o efeito desejado. Em 2018, com uma das melhores gerações de sempre à disposição, levou a Bélgica às meias-finais do Mundial. Acabaria por conquistar o terceiro lugar. Mais tarde, no Euro"2020 (disputado em 2021 por causa da pandemia), voltou a fazer um percurso positivo, perdendo nos quartos de final contra a Itália. Antes, tinha vergado a seleção portuguesa.
Mais recentemente, no Catar, o resultado foi desastroso e acabou com o divórcio do treinador, sete anos depois de ter assumido a seleção belga. Com os grandes nomes da atual geração presentes, a Bélgica foi eliminada na fase de grupos, sucumbindo diante da Croácia e Marrocos. Este não foi, contudo, o primeiro espinho no caminho do técnico catalão. Em 2021, a Bélgica finalizou a Liga das Nações na quarta posição, não tendo conseguido a qualificação para a final four das edições de 2019 e 2023.
Nascido na Catalunha, mas ausente das lutas políticas daquela região de Espanha, diz-se "espanhol e catalão", começou a jogar no Saragoça, subindo à equipa principal em 1991/1992. O trajeto no seu país de origem não foi famoso e Inglaterra acabou por se tornar na sua zona de conforto. No Wigan de 1995 a 2001, o médio-defensivo fez 69 jogos e apontou três golos na divisões secundárias. Seguiram-se o Motherwell, da Escócia, e o Walsall. Mas o grande salto verificou-se mais tarde, quando abraçou o projeto do Swansea. Martínez tornou-se tão importante para o clube que passou a treinador. Na primeira época na liderança da equipa galesa venceu a League One. No segundo ano ficou em oitavo lugar no Championship.
Em 2009, aceitou o desafio do Wigan, estreando-se na Premier League. Nas primeiras três épocas atingiu a meta de permanecer no principal escalão do futebol inglês. Na seguinte, ficou em 18.º e caiu para a Championship. No Wigan ganhou a Taça de Inglaterra, o único troféu da história do clube, seguindo depois para o Everton onde permaneceu durante três épocas, conseguindo numa delas qualificar-se para as competições europeias.
O presunto e os sapatos
Martínez sempre admirou a indústria do calçado e nunca escondeu a vontade de abrir uma sapataria, tal como fez o seu pai, fundador da "Calzados Roberto", nome da marca da família. A ligação a Espanha é intensa e, segundo o "La Vanguardia", o técnico encomenda regularmente presunto da região de Jabugo, em Huelva.
O selecionador nacional é casado com a escocesa Beth Thompson desde 2009 e tem duas filhas, Luella e Saffiana. É licenciado em fisioterapia e tem uma pós graduação em marketing. Amigo de longa data de Jordi Cruyff, reforçaram os laços depois de o holandês ter sido padrinho de um dos seus filhos.