Tomada de posição foi motivada pela denúncia de Rashford por mensagens discriminatórias nas redes sociais. Jogador não é caso único nos últimos dias. Resultados insatisfatórios são denominador comum
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O príncipe William, duque de Cambridge e também presidente da Associação de Futebol inglesa (FA), apelou, durante este domingo, ao fim dos "desprezíveis" insultos racistas feitos nas páginas das redes sociais de futebolistas da Premier League.
"O abuso racista - seja em campo, nas bancadas, ou nas redes sociais - é desprezível e tem de acabar agora. Todos nós temos a responsabilidade de criar um ambiente onde tais abusos não sejam tolerados e aqueles que optam por espalhar ódio e divisão são responsabilizados pelos seus atos. Essa responsabilidade estende-se às plataformas onde tanta desta atividade tem agora lugar", advertiu William.
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A reação do dirigente da FA e membro da realeza britânica, feita na rede social Twitter, foi motivada pela denúncia levada a cabo, na mesma plataforma digital, pelo jovem dianteiro inglês do Manchester United, Marcus Rashford.
O futebolista internacional inglês, apesar de ter recusado partilhar capturas de imagem à caixa privada de mensagens, deu a entender ter recebido vários insultos com base na cor de pele, logo após o jogo com o Arsenal (empate a zero).
"A Humanidade e as redes sociais no seu pior. Sim, sou negro e vivo todos os dias orgulhoso de o ser. Ninguém nem nenhum comentário vai fazer sentir-me diferente. Peço desculpa se estão à espera de uma reação forte da minha parte, mas não a vão ter", escreveu o jogador dos red devils, no passado sábado.
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Já este domingo, referem alguns meios de Imprensa britânica, a Greater Manchester Police (GMP), força policial da cidade de Manchester, abriu um processo de investigação sobre os não inéditos abusos feitos a Marcus Rashford.
"Vários destes comentários foram-nos relatados e estamos a estabelecer contactos com os envolvidos para prestar apoio e iremos investigar estes crimes a fundo", comunicou a GMP, que também vai averiguar o sucedido a Tuanzebe e Martial, colegas de Rashford no Manchester United.
A dupla de futebolistas do clube inglês foi igualmente alvo de comentários racistas nas respetivas páginas das redes sociais após a equipa de Solskjaer ter perdido, na passada quarta-feira, com o Sheffield United (0-1), em jogo da Premier League.
Além deste caso, na passada sexta-feira, o Chelsea, rival na competição inglesa, declarou publicamente estar "enojado" pelas mensagens racistas enviadas ao defesa-direito Reece James nas redes sociais, depois da igualdade a zero dos londrinos em receção ao Wolves.
Em todas as situações, além da própria cor de pele, há um (outro) denominador comum: as mensagens de teor racista nas redes sociais foram enviadas a jogadores cujas equipas não triunfaram em campo.
Das palavras aos atos
As denúncias de atos de discriminação contra futebolistas em Inglaterra, feitas às entidades policiais do país, já tiveram efeitos práticos. Na passada sexta-feira, um indivíduo de identidade desconhecida foi detido por enviar uma mensagem racista ao médio Romaine Sawyers, da equipa do West Brom.
O sucedido ocorreu um dia depois da goleada (0-5) sofrida pela equipa dos baggies na receção ao candidato ao título de campeão Manchester City.
Entretanto, também as redes sociais Facebook e Twitter vieram a público condenar os atos racistas feitos aos futebolistas da Premier League e garantiram a aplicação de estratégias para a não-proliferação virtual dos mesmos.
"Não há lugar para o racismo e estamos empenhados em removê-lo quando o encontrarmos. Sabemos que há mais a fazer e continuaremos a trabalhar em estreita colaboração com clubes, jogadores e autoridades do futebol para investigar casos de discriminação", referiu um porta-voz do Facebook.
Por sua vez, o Twitter comunicou através da publicação de uma nota oficial na Internet: "O comportamento racista não tem lugar no nosso serviço e quando identificamos contas que violam qualquer uma das [nossas] regras, tomamos medidas coercivas".
A Associação de Futebolistas Profissionais (PFA, siga em inglês) reclamou, em comunicado, a tomada mais atempada de medidas de combate ao racismo na sociedade britânica afeta ao futebol e pediu o compromisso das plataformas digitais para que tal aconteça.
"Os jogadores têm levantado repetidamente esta questão publicamente e o abuso continua a persistir. Embora nenhum de nós tenha o poder de erradicar o racismo da sociedade, as empresas de comunicação social devem fazer a sua parte e eliminá-lo das suas plataformas - sobre as quais têm o controlo", pode ler-se.