Ex-Boavista recorda Maradona: "Ninguém lhe tocava porque em Deus não se bate"
A loucura maradoniana testemunhada por Alfredo e pelo Boavista a quatro dias da estreia em Nápoles
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Se o FC Porto foi a primeira equipa portuguesa a jogar em Nápoles, aconteceu em 1974, com derrota por 1-0, há um jogo não oficial absolutamente simbólico e representativo da loucura que mudou Nápoles a partir de Maradona, ainda antes de Ivkovic defender pelo Sporting um penálti a Diego e ganhar uma aposta. A quatro dias da estreia do argentino pelo Nápoles no Campeonato, derrota em Verona, o Boavista faz uma visita relâmpago ao San Paolo para um dos jogos de exibição de El Pibe.
Uma atmosfera de pura histeria descrita por Alfredo, que começava a defender a baliza do Boavista, contratado ao Rio Ave. A 12 de setembro de 1984... era testemunha de algo inacreditável, logo a começar pela presença no Royal Continental.
"Ninguém acreditou bem nesse jogo, fomos parar ao hotel que era residência temporária de Maradona e da família. Junto ao mar e todo envidraçado, o último piso pertencia-lhe e nós ficamos três pisos abaixo. Era uma cidade em loucura completa, carros entupiam todos os caminhos, quase batiam e furavam aparatos policiais", recorda, saltando do ambiente na cidade para a apoteose no San Paolo.
"Basta dizer que era um jogo amigável com 60 mil pessoas nas bancadas para o ver. No aquecimento atrás dos balneários ainda deu para espreitar, ele não aquecia, só brincava. Nós encantados. No jogo marcou-me só de penálti, nem o distraí, estava como paralisado. Depois recordo-me de um pontapé de baliza, ele coloca-se de costas e domina a bola de primeira e arranca na minha direção. Era outra coisa, ninguém lhe tocava porque em Deus não se bate", documenta Alfredo, finalizando as suas memórias. "Ele sai do campo por iniciativa própria a trinta minutos do fim, como a dizer 'por mim já chega' e o estádio vem abaixo. Depois foram todos a persegui-lo pela cidade. Impressionante!"