Rui Pedro abateu o Braga com três tiros. Um “hat-trick” supersónico que explica o sentimento de vingança em relação ao Cluj
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Afastado o Levski Sófia, o Braga está na Roménia, procurando afastar as memórias martirizantes de duas derrotas com o Cluj na Champions de 2012/13, uma na Pedreira, outra no terreno rival, por 3-1, naquela que foi a noite perfeita de Rui Pedro, antigo avançado português, que hoje é diretor-desportivo do Paredes. Nos primeiros 33 minutos, somou um vertiginoso “hat-trick”, desfeiteando Beto, seu antigo colega em solo romeno. Virou um pesadelo para os minhotos em novembro de 2012. “Passaram alguns anos, mas era um miúdo a jogar na Champions. Estava encantado, a fazer o que mais desejava. A prova é o auge de qualquer jogador, esse 'hat-trick' tornou tudo mais especial. Foi desde os preparativos, porque os holofotes estavam direcionados para os portugueses do Cluj”, lembra, desvelando a história e adocicando o paladar. “Era uma montra brutal para nós e também servia para mostrarmos o nosso potencial a quem, em Portugal, não acreditou no nosso valor. Todos queriam dar mais um bocadinho. Eu queria muito...”, conta a O JOGO, agarrando um estatuto que perdura.
“Ninguém espera uma coisa assim, marcar três golos numa primeira parte. Foi incrível! Nenhum outro estrangeiro na Roménia fez algo semelhante na Champions. Entrei na história e sei que sou lembrado em fotos e quadros”, rebobina. Se longe vai o passado, muito próximo está esse contacto do Braga com este carrasco. “O Cluj trilhou um grande caminho na última década, tem estado regularmente na Champions, Liga Europa e Liga Conferência. Não é fácil jogar lá, os romenos criam um ambiente difícil. A jogar em casa vai procurar um resultado confortável para a segunda mão. Antevejo dificuldades neste jogo para o Braga”, avisa, impondo outras certezas na antevisão. “Conheço quem trabalha na Direção, é um clube que tem sempre a pretensão de contratar para vender. Fazem boa ponte para outros países e apresentam equipas competitivas. Vendo que já fizeram alguns jogos e que vão na frente em ritmo, atribuo favoritismo ao Cluj neste jogo. Mas, na eliminatória, o Braga é favorito, pode matar essa diferença na Pedreira, porque tem um plantel muito superior”, destaca Rui Pedro, promovendo um trio dos guerreiros ao palanque, antecipando potencial protagonismo.
“Vejo três elementos fundamentais, que podem ser decisivos nesta eliminatória. O Moutinho, o Ricardo Horta e aquele que me parece ser o melhor jogador do Braga e que, a um grande nível, fará a diferença facilmente. Falo do Zalazar”, expõe o antigo atacante do Cluj, ainda com amigos no conjunto da Transilvânia. “Ainda está lá o Camora, que é uma lenda, está há 15 anos. Apesar de já ser internacional romeno, sei que para ele é muito especial defrontar uma equipa portuguesa. E ainda joga o Ciprian Deac. Parece impossível, mas sobram dois jogadores do meu tempo”, atira sobre os mais experientes do Cluj, com 38 e 39 anos.
Invasão lusitana já teve 31 caras
A contabilidade de portugueses na história do Cluj vai em 31, englobando Camora. Rui Pedro partilha o crédito do emblema romeno nesta capacidade de atração. “Houve sucesso e fizemos história no clube. Recordo que com dez pontos na Champions acabámos na Liga Europa. Jantávamos várias vezes, havia um clima de festa e um sentimento muito familiar. Pelo que sei, continua a ser assim. É uma Direção que sabe agregar, que faz do Cluj um clube muito acolhedor.”