"Em Gibraltar os estrangeiros ganham 5/6 mil euros por mês, ao nível da II Liga em Portugal"
Livramento foi um dos portugueses que entrou na liga de Gibraltar nos primeiros anos de reconhecimento da UEFA. Começou a viagem com Bernardo Lopes, que segue no clube e é capitão da equipa que defronta o Braga
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No apanhado de uma longa carreira, Livramento, antigo médio-ofensivo, que ainda fez 47 jogos na Liga, representando clubes como Santa Clara, Boavista, Leixões e Rio Ave, também passou pelo futebol de Gibraltar, no Lincoln Red Imps, antes de encerrar a sua carreira no seu Algarve, no Farense. Atualmente é diretor-desportivo do Olhanense, contando com 43 anos, e, naturalmente, aproveitará o embate entre o campeão de Gibraltar e o Braga para acompanhar as incidências e voltar a ver Bernardo Lopes, que iniciou a aventura consigo, que dura até hoje no Lincoln Red Imps. O algarvio abraçou esse convite em 2015/16, depois de jogar na Bulgária, tendo vivido dias felizes em Gibraltar.
"Já passou algum tempo mas gostei bastante, até porque ganhei campeonato e taça, supertaça e estive com a equipa nas pré-eliminatórias da Champions League em que tivemos jogos com o Celtic, vencendo em casa por 1-0. Algo que segue na nossa memória", recorda Livramento, lendo o momento em questão. "Para mim já era o final de carreira, pouco depois vim para o Farense. Já o Bernardo era um jovem com talento. Ainda o tentei ajudar a chegar a outros campeonatos mais competitivos mas sempre rejeitou, porque estava confortável a nível financeiro e desportivo", recua, tocando numa amizade que prevalece. "Ele vivia comigo e estávamos sempre juntos. Ficou uma relação forte e tenho visto com agrado a sua evolução lá. Decidiu naturalizar-se e jogar pela seleção. Ficou a ganhar com as apostas que fez. Em Gibraltar tínhamos um ambiente familiar e a amizade passava dos dirigentes para os jogadores. Conheci uma boa equipa e um bom país", sustenta o antigo criativo, natural de Tavira.
A proximidade do Algarve desta pequena ilha e a deslocação do jogo para o maior estádio da região, geram reservas quanto ao estusiasmo. "Acho, sinceramente, que os algarvios não têm grande conhecimento do que se passa em Gibraltar. O Lincoln tem feito um excelente trabalho com reflexos internacionais e, muitas vezes, com jogadores amadores", destaca. "Espero que o estádio possa ter mais pessoas do que habitualmente. Há a experiência de jogos da seleção de Gibraltar aqui, alguns jogos grandes do Farense nos últimos tempos, mas, nem assim, tem grande afluência. Mas vindo o Braga, vendo que há maior publicidade, sendo um mês de férias, com muitos estrangeiros e emigrantes de regresso, pode dar-se uma boa casa", argumenta Livramento, analisando as desigualdades previsíveis no campo.
"O Braga é claramente favorito perante um Lincoln ainda algo amador. Chega uma altura do jogo que lhes faltam pernas, nota-se a diferença gigante entre as equipas. Se fosse no sintético de Gibraltar, seria diferente, porque exige outra maneira de jogar e uns estão habituados, outros não", relata, identificando a figura da equipa anfitriã, no Algarve. "O Bernardo é a referência do clube, é muito forte no jogo aéreo, tanto ofensivo como defensivo. Tem qualidade mais que suficientes para ligas e equipas bem superiores. Foi ficando, em nome da estabilidade. Os estrangeiros conseguem auferir 5/6 mil euros por mês, mais prémios de jogo, estão ao nível de boas equipas da II Liga", informa.