<br> O Rio"2016 ficará na história por ser palco da despedida dos dois maiores olímpicos de sempre. Quem lhes irá suceder é um mistério, mas já há candidatos que se perfilam para essa tarefa
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Inebriado pelos êxitos na edição de despedida de dois dos maiores ídolos olímpicos da história, nos Jogos do Rio de Janeiro quase todos esquecem que dentro de quatro anos, em Tóquio, não haverá Michael Phelps nem Usain Bolt, protagonistas quase únicos em Pequim, Londres e nestas duas últimas semanas. A verdade é que a busca de sucessores já começou, embora a maioria das respostas não seja de entusiasmar. O que pode nem ser preocupante.
Phelps estreou-se em Sydney"2000, com 15 anos, e limitou-se a bater um recorde norte-americano de precocidade. Só nadou os 200 mariposa e ficou longe das medalhas. Já Usain Bolt esteve em Atenas"2004, aos 17 anos, e não passou da primeira eliminatória dos 200 metros. Os inícios discretos dos dois heróis olímpicos dizem-nos que os próximos dominadores podem já ter competido no Brasil sem que ninguém os tivesse notado.
O que a história nos garante é que glórias olímpicas apenas poderão surgir de três modalidades, as que não só permitem múltiplas medalhas numa só edição como concentram o mediatismo: atletismo, ginástica e natação. Basta reparar que são bem recordados nomes como Paavo Nurmi, Carl Lewis ou Michael Johnson, Larisa Latynina ou Nadia Comaneci, Mark Spitz ou Matt Biondi, enquanto Bradley Wiggins continua a ser mais conhecido por ter ganho uma Volta a França do que pelo recorde de oito medalhas olímpicas no ciclismo, cinco delas de ouro; ou ainda que Birgit Fischer, a canoísta alemã que tem oito títulos olímpicos, está longe da popularidade de qualquer dos citados.
O Rio já mostrou duas novas estrelas. Katie Ledecky, com cinco medalhas, dois recordes mundiais e um domínio avassalador nos 200, 400 e 800 livres - não acontecia desde 1968 -, provou que o título de Londres, quando tinha 15 anos, fora apenas um primeiro passo. "Ela bate recordes sempre que entra na piscina", elogiou o próprio Phelps sobre a "benjamim" da equipa americana, que já ofuscou Missy Franklin, quatro vezes campeã olímpica em Londres, mas afetada por lesões nos últimos anos. Na ginástica, ninguém tem dúvidas: Simone Biles é um fenómeno em marcha. Igualou no Rio um dos recordes de Larisa Latynina - ouro no all-around, por equipas e por aparelhos -, é já a ginasta mais medalhada dos EUA e a sua história ainda mal começou. Repetindo em Tóquio as proezas deste ano, as duas jovens norte-americanas terão um protagonismo bem ampliado.
No atletismo a pesquisa é mais simples: existem dois candidatos diretos à sucessão de Bolt, um deles elogiado esta semana pelo jamaicano, ao ser medalhado de bronze nos 100 metros e prata nos 200. "Ele vai ser bom, corre como eu; sai lento dos blocos mas depois anda mesmo!", disse Bolt sobre o canadiano Andre De Grasse, uma das revelações no Rio, que também não se faz rogado: "Sinto-me capaz, os próximos Jogos podem ser para mim." Dentro de quatro anos o maior rival do canadiano poderá ser o norte-americano Trayvon Bromell, primeiro júnior a baixar dos 10 segundos e já com melhor recorde pessoal nos 100 metros do que o canadiano, embora tenha passado discreto pelo Brasil.