E se as grandes ligas forem canceladas? Há a "maldição" do Liverpool e não só
Pandemia de covid-19 interrompeu o futebol e o Liverpool poderá considerar-se o mais injustiçado caso as cinco grandes ligas sejam canceladas.
Corpo do artigo
O Liverpool pode vir a ser o mais injustiçado, entre os clubes dos campeonatos dos "cinco grandes", caso o adiamento temporário da época futebolística 2019/20 venha a transformar-se em cancelamento, devido à pandemia de covid-19.
Com nove jornadas por disputar na Premier League, os "reds", comandados pelo alemão Jurgen Klopp, estão a escassas duas vitórias de acabar com uma seca de vitórias na prova que dura desde a longínqua temporada de 1989/90.
Há 30 anos, o Liverpool conquistou aquele que é o seu 18.º e ainda último cetro inglês, sendo que, então, esse registo valia a liderança do "ranking", com o dobro dos títulos do segundo, o Arsenal, que somou o nono em 1988/89.
A equipa da cidade dos Beatles foi, entretanto, ultrapassada pelo Manchester United, que, sob o comando de Alex Ferguson, arrebatou 13 "canecos" entre 1992/93 e 2012/13, passando a contar 20, mais dois do que os "reds".
Depois de muitos anos a tentar, o Liverpool está, em 2019/20, muitíssimo perto de acabar com a maldição, após um percurso a roçar a perfeição, com 27 vitórias, um empate, em Old Trafford (1-1), e uma derrota, já à 28.ª ronda, em Watford (3-0).
O onze de Klopp, que tem inclusive vários recordes na mira, totaliza 82 pontos, mais 25 do que o bicampeão em título Manchester City, de Pep Guardiola, que tem menos um jogo disputado e já só pode chegar aos 87. A Champions é o grande objetivo.
Se a pandemia de covid-19 inviabilizar o fecho da prova e declarar que não haverá campeão em 2019/20, então tudo terá sido em vão, numa época em que o Liverpool já "caiu" das restantes provas, incluindo da Liga dos Campeões, em que defendia o cetro.
NÃO SAIA DE CASA, LEIA O JOGO NO E-PAPER. CUIDE DE SI, CUIDE DE TODOS
A exemplo de Inglaterra, e embora em menor escala, também em França o título parece entregue, já que, a 10 rondas do fim, o Paris Saint-Germain está, com menos um embate disputado, 12 pontos à frente do segundo, o Marselha, de André Villas-Boas.
Face à superioridade absoluta sobre a concorrência, "empurrado" pelos milhões de Nasser Al-Khelaïfi, a situação é bem menos dramática para os parisienses, que venceram os últimos dois campeonatos e seis dos últimos sete, desde 2012/13.
Caso não haja campeão, o PSG voltará, certamente, para o ano com a mesma força para chegar ao nono cetro, igualar o Marselha e colocar-se a apenas um do Saint-Étienne, o recordista de títulos da "Ligue 1", com 10, o último em 1980/81.
O conjunto comandado pelo alemão Thomas Tuchel também está nas finais da Taça de França (com o Saint-Étienne) e da Taça da Liga francesa (com o Lyon), bem como nos quartos de final da Liga dos Campeões, depois de ter afastado o Borussia Dortmund.
Nos restantes três campeonatos grandes, o equilíbrio é bem maior, sendo que o Bayern Munique, depois de um mau arranque, já lidera com algum conforto na Bundesliga, rumo ao oito título consecutivo - tem o pleno desde 2012/13.
Cumpridas 25 de 34 rondas, os bávaros, que perseguem o 30.º cetro, somam 55 pontos, mais quatro do que o Dortmund, cinco face ao Leipzig, seis em relação ao Borussia Monchengladch e oito do que o Bayer Leverkusen.
Em Espanha, a margem é menor, mas a luta é apenas a dois, com o Barcelona - vencedor dos últimos dois títulos, de quatro em cinco, cinco em sete e oito em 11, desde 2008/09 - a liderar com mais dois pontos do que o Real Madrid.
Na 26.ª ronda, os "merengues" saltaram para a frente, ao baterem em casa o "Barça" por 2-0, mas, na 27.ª, a última disputada, das 38 previstas, perderam por 2-1 no terreno do Betis e os catalães (1-0 à Real Sociedad) voltaram ao poleiro.
A formação de Quique Setién, que substituiu Ernesto Valverde no decorrer da época, já perdeu 23 pontos, mas está na frente, a 11 jornadas do fim, e tem Lionel Messi, o melhor marcador da prova, com 19 golos, bem encaminhado para alcançar um inédito sétimo "pichichi".
Na altura da abrupta interrupção causada pelo novo coronavírus, o campeonato italiano era o mais apertado, com a Juventus, vencedora das últimas oito edições, a comandar com apenas mais um ponto do que a Lázio.
Apesar da pontaria de Cristiano Ronaldo, autor de 21 tentos, a Juve está com dificuldades para chegar ao 36.º cetro, face ao excelente percurso da formação romana, que procura apenas o terceiro título, após os triunfos de 1973/74 e 1999/2000.
Há 20 anos, o conjunto "laziale" era comandado no banco pelo sueco Sven-Goran Eriksson e tinha no seu plantel os futebolistas Fernando Couto e Sérgio Conceição, bem como Simone Inzaghi, o atual técnico, que contou com 27 golos de Ciro Immobile. Pela frente, ainda há um Juventus-Lazio, na 34.ª jornada, que estava marcada para 26 de abril.
A pandemia de covid-19 parou quase todos os campeonatos europeus - sendo exceção a Bielorrússia - e é uma incógnita se ou quando vão ser retomados e em que moldes.