O treinador português Luís Martins foi adjunto de André Villas-Boas no Tottenham, em 12/13, lidando com a estrela de País de Gales na que foi até ao momento a sua temporada mais produtiva (26 golos em 44 jogos). Em entrevista exclusiva a O JOGO fala da ameaça que representa para Portugal na meia-final do Europeu.
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É natural considerar Bale a principal ameaça para Portugal? Penso que a principal ameaça para Portugal é a forma como joga País de Gales. Aquela linha de três defesas-centrais, a forma como se desdobra para a frente à procura do talento de Bale, mas também como já vimos o Robson-Kanu - que até pode ser substituído pelo Vokes ou outro. A forma como tem o contra-ataque armado e como defende é que são as principais ameaças. Portanto, a qualidade de jogo que a seleção do País de Gales nesta altura demonstra é que é a principal ameaça para Portugal.
Onde é que Bale pode criar mais perigo tendo em conta a defesa de Portugal? Entre os centrais ou pelas laterais? Penso que vai posicionar-se mais no corredor central que no lateral. É um jogador que nesta altura está mais perto dos centrais, e aí também depende de quem joga. Quer José Fonte, quer Ricardo Carvalho, têm competências diferentes para poder parar o Gareth Bale. O Pepe está a fazer uma grande prestação no Europeu e ainda por cima conhece-o, de treinar todos os dias no Real Madrid, e como tal é mais capaz de pará-lo... Mas qualquer um dos outros dois vai ter que ter muita atenção à capacidade de aceleração do Bale com bola.
É essa a arma mais perigosa de Bale? A forma como enfrenta os centrais em drible para depois rematar é um aspeto perigoso para nós.
Recorda-se dos tempos em que treinou o Gareth Bale? Quando chegámos ele já não era lateral-esquerdo. De origem era lateral, mas ainda antes de nós lá chegarmos ele já tinha sido mais utilizado pelo Harry Redknapp a ala-esquerdo do que a lateral. Na nossa época ele acabou por jogar em quase todas as posições de ataque e também uma ou 2 vezes a lateral-esquerdo, mas jogou sobretudo nos flancos do ataque e a ponta de lança. Nessa época foi a grande figura da equipa.
Analisando os números de Bale (44 jogos e 26 golos em 12/13), foi quando treinaram o Tottenham que ele explodiu, correto? Sim, foi na época anterior a sair para o Real Madrid. Foi o melhor jovem jogador da liga inglesa, o melhor marcador e ganhou os prémios que havia para ganhar.
A que se deveu essa explosão? Havia condições no Tottenham para se jogar num determinado sistema de jogo. Isso favoreceu-o bastante, demonstrou as capacidades que tinha e adaptámos as condições da equipa ao seu talento. Na época anterior tinha saído o Modric, no início da nossa época saiu o Van der Vaart e aí deu-se a explosão. O Tottenham é um clube que normalmente também vende jogadores para um patamar acima do seu. O Bale nessa época fez uma época fantástica.