Dura seis dias no Corinthians: "Muito forte as filhas ouvirem que o pai é um violador"
Cuca foi condenado por violação na Suíça, em 1989, e deixou o Corinthians dias depois de pegar na equipa. Diz que foi "massacrado", "julgado e punido na internet"
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O Corinthians contratou Cuca como treinador há uma semana, mas apenas seis dias depois o técnico deixou o comando da equipa. Acusado e condenado por violação de uma menina de 13 anos na Suíça, em 1989, quando ainda era jogador, não resistiu à pressão social e abandonou o cargo.
"Depois do jogo, fui na sala dele, fiquei uns 40 minutos ali conversando com ele. É triste vê-lo arrasado, as filhas ouvirem que o pai é um violador é algo muito forte. Mas acredito na palavra dele, que ele é um inocente", disse o jogador Róger Guedes, que o tentou convencer a ficar.
Já o próprio Cuca, descreveu o clima em seu redor como decisivo para deixar o timão: "E antes desse sonho se realizar, tiveram três, quatro dias muito pesados para mim. De pesadelo. Foi quase um massacre o que acabou acontecendo. Eu estava muito concentrado nessa decisão, não queria tirar o foco. E isso acaba levando para os jogadores. Hoje me emocionaram. Estou aqui há cinco dias, mas todos ofertaram para mim. Eu não pedi nada, mas eles sentiram, como ex-atleta que sou, o que estou passando. O que estou passando, e quero ser bem breve, porque não quero ser vítima de nada, é a pior coisa que um homem pode passar. Quando está em xeque a dignidade dele. Quando invadem as redes sociais das filhas e mulher com ameaças e ofensas descabidas. Chega um momento em que, sinceramente... Eu vou fazer 60 anos no mês que vem, você pesa o que vale e o que não vale a pena na vida. Neste momento, quero fazer valer a pena a minha família, a coisa mais importante que tenho no mundo. Não esperava a avalanche que aconteceu aqui. São coisas já passadas há muito tempo, ressurgidas como se tivessem acontecido hoje. Fui julgado e punido pela internet, entre aspas. Isso tem uma consequência muito grande."
Sobre os eventos de 1987 pelos quais foi condenado, tinha falado na sua apresentação como treinador do Corinthians, negando sempre a acusação: "Esse é um tema delicado, um tema pessoal meu. Eu faço questão de falar sobre ele, e vou tentar ser o mais aberto possível quanto a isso, quanto ao que me cabe. É um tema que aconteceu há 30 anos, em 1987, eu fazia, não sei ao certo, estava emprestado do Juventude ao Grémio, fiquei uns 20 dias para tirar o passaporte. Tenho vaga lembrança de tudo o que aconteceu porque foi há muito tempo. Nessa vaga lembrança que tenho, eu tinha 20 e poucos anos na época. Nós iríamos jogar uma partida, subiu uma menina ao quarto, o quarto era o que eu estava junto com outros jogadores. Era um quarto duplo. Essa foi a minha participação nesse caso. Eu sou totalmente inocente, eu não fiz nada. As pessoas falam que houve uma violação, houve acho que um ato sexual a vulnerável. Essa foi a pena que foi dada. A gente vê e ouve um monte de coisas que são inverdades, chegam a ofender. Eu vou fazer 60 anos daqui um mês, tenho duas filhas, uma de 32 e outra de 34. É um tema que elas nem existiam, já era casado com a Regiane e sou casado até hoje. Venho de uma casa onde sou o único homem da casa. Respeitei e respeito todas as mulheres. Nunca encostei o dedo indevidamente em uma mulher, nunca!"
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