Atual selecionador do Brasil conta como foi complicado fazer o comentário televisivo da goleada da Alemanha, no Mundial. Em directo na Al Jazeera, nem ele sabia como explicar o que estava a acontecer
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Dunga ainda não era o selecionador do Brasil, quando a equipa canarinho, então orientada por Scolari, foi esmagada pela Alemanha (1-7), na meia-final do último Mundial, mas nem por isso escapou a uma memória traumatizante daquela hora e meia de pesadelo no Mineirão. No relvado, os anfitriões do torneio estavam completamente desnorteados, à medida que crescia a goleada história dos que viriam a ser campeões do mundo, e na bancada o então comentador da Al Jazeera (canal televisivo do Catar) também estava um bocado à toa. "Eu tinha de encontrar argumentos para explicar, porque eles também estavam a pressionar-me, os árabes queriam saber. Como todos, ficámos incrédulos, não acreditava no que estava a acontecer (...) Chegou um momento em que nem nós tínhamos uma explicação, estávamos incrédulos."
A dificuldade para explicar aquela derrota permanece até hoje, admitiu Dunga. "Ouvi um comentário interessante do Parreira, para pensarmos: 'Quando só vemos a bola, somos cegos", recordou o selecionador, que tem as angústias desses adeus inglório ao Mundial brasileiro bem presentes na memória: "Como começámos a sofrer golos, de que forma os sofremos (...) Mas quem não cobriu? Quem perdeu a bola? Quem não voltou? Quem não recuperou? Vi a entrevista do Parreira e a análise da FIFA e falavam em recomposição". Essa pode ser a chave para um dos jogos mais ingratos da história do futebol brasileiro.