Do Porto até Doha com um toque de Paris... SG: a história da portuguesa Sofia Pereira
Sofia Pereira tem 29 anos e desafia estereótipos cataris ao integrar a equipa de futebol feminino da Academia do PSG no país anfitrião do Mundial. Tudo começou no Facebook. Radicada em Doha há praticamente dois anos, a portuguesa não quis perder o gosto pelo futebol e encontrou a solução num projeto que está sob a alçada do poderoso clube francês.
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Numa sociedade onde a igualdade de género é uma realidade distante, o futebol vai servindo como exemplo do progresso. Para esse caminho muito tem contribuído o projeto do PSG Academy Catar, uma escola de futebol sob a alçada do poderoso clube francês com instalações na Universidade, em Doha, (e outras cidades), que conta com sotaque português. É que além das categorias de formação, há uma equipa sénior de futebol feminino, onde joga Sofia Pereira.
Natural do Porto, emigrou há quase dois anos, juntamente com o marido, Ricardo, e foi através "de uma publicação no Facebook" que descobriu o PSG. "Joguei futebol no desporto escolar e não pediram nada de especial, só perguntaram por eventuais problemas de saúde e pelo tamanho do equipamento. Juntei-me em setembro", conta Sofia, que já trabalhou na área da aviação, a O JOGO.
À equipa, treinada pela internacional libanesa Aya Jurdi, falta dar o passo em frente. "Não nos inscrevemos esta época na liga, porque, mesmo sendo uma equipa de adultas, somos consideradas parte de uma academia e não um clube", detalha a portuguesa, de 29 anos.
"Treinamos três vezes por semana e jogamos contra equipas da liga, mas em jogos não-oficiais. Agora estamos paradas, porque a Argentina e os Países Baixos apoderaram-se dos nossos relvados", diz, entre sorrisos.
Após o Mundial, Sofia poderá voltar a fazer o que tanto gosta.
"Sentimos alguma desvalorização"
A multiculturalidade é um dos traços característicos da equipa feminina do PSG Academy Catar e estende-se de Portugal à Coreia do Sul, passando, pois claro, por jogadoras catari, que jogam com um "hijab" e os braços e joelhos tapados. Sobre o tratamento que recebem de fora, Sofia Pereira deixa transparecer um lamento. "Somos felizes e damos o nosso melhor, mas sentimos alguma desvalorização. Ainda pouco se discute o futebol feminino no Catar", remata.