Do calendário às curiosidades: tudo o que precisa de saber sobre o Mundial feminino
Além das norte-americanas, onde Alex Morgan é uma das principais figuras, também a Alemanha, à espreita do terceiro título, se apresenta como candidata ao torneio, que hoje se inicia em França.
Corpo do artigo
Sem Portugal, que não conseguiu apurar-se para a fase final do Mundial, a competição que reúne as melhores seleções femininas inicia-se esta sexta-feira em França. Durante um mês, até 7 de julho, data da final em Lyon, 24 equipas vão lutar por erguer o troféu, entregue pela oitava vez. Numa fase de expansão do futebol feminino, não só no território nacional como por todo o mundo, os Estados Unidos partem em defesa do título; vencedora por três vezes da competição e número 1 do ranking mundial, é a seleção com mais títulos e nunca ficou fora do pódio nas anteriores edições. Privada de Abby Wambach, melhor marcadora da história dos "States" (184 golos), que se retirou em 2015, a formação liderada por Jill Ellis apresenta-se renovada e 11 das 23 eleitas estreiam-se em mundiais. A experiente Alex Morgan surge como uma das principais figuras da equipa e regressa a França, após ter representado o Lyon em 2017.
Detentora do troféu, a seleção dos Estados Unidos é favorita a vencer a competição, para a qual Portugal falhou o apuramento
Convidada por O JOGO a pronunciar-se sobre o Mundial, Dolores Silva, média do Atlético de Madrid, destaca, além dos Estados Unidos, outras seleções com potencial para lutarem pelo ceptro. "Penso que a França, por jogar em casa, poderá partir como favorita, pois também tem uma motivação extra. Mas claro que não se pode esquecer o favoritismo das seleções dos Estados Unidos ou da Alemanha, pelo seu poderio e porque são as seleções com mais títulos a nível mundial", lança a internacional portuguesa, reforçando a análise: "Será um Mundial onde muitas das seleções participantes terão argumentos para disputar o título e a Inglaterra também é uma das principais candidatas. Mas claro que há outras seleções com equipas muito fortes, como a recente campeã da Europa, a Holanda, ou a própria Espanha." A este lote de seleções, Carolina Mendes, avançada do Sporting, que já jogou em Itália, Espanha, Rússia, Suécia e Islândia, junta o Japão, finalista vencido há quatro anos e campeão em 2011.
10987829
Campeã espanhola na época de estreia pelo Atlético de Madrid, Dolores Silva também esteve várias épocas na Alemanha e a jogadora, que tem mais de cem internacionalizações por Portugal, acredita que este será a competição mais importante dos últimos tempos da história do futebol feminino. "Vai ser um Mundial revolucionário, a chave para um impulso na evolução nos apoios e, sobretudo, na visão da mulher no futebol. Vem na melhor fase de crescimento do futebol feminino", aponta Dolores, sobre uma prova em que há a expectativa de atrair bastantes espectadores aos recintos desportivos. "Este ano já se bateram vários recordes de espectadores um pouco por todo o mundo, devido à importância e interesse que cada vez mais o futebol feminino tem despertado", lembra Carolina Mendes, expressando um desejo: "Esperemos que este Mundial sirva também para impulsionar o futebol feminino em países em que o futebol não está tão desenvolvido e seja uma ponte de mudança de mentalidades para colocá-lo onde ele merece estar."
Numa competição com 24 seleções, nota para as estreias de Chile, Jamaica, África do Sul e Escócia, apontada por Dolores como possível surpresa, a par da Noruega. Para a média, Dzsenifer Marozsán (Alemanha) e Eugénie Le Sommer (França) são candidatas a melhores jogadoras na prova.
UMA COBERTURA MEDIÁTICA SEM PRECEDENTES
Ainda sem comparação com o futebol masculino, até nos prémios monetários atribuídos, o interesse em torno do Mundial feminino é crescente e a comprová-lo está a cobertura por parte dos órgãos de comunicação social. A título de exemplo, o "The Guardian" já considerou que este é o maior evento desportivo do ano e a BBC vai recorrer à rádio, TV e meios digitais para efetuar um acompanhamento completo da prova. No Brasil, todos os jogos da seleção canarinha serão emitidos pela rede Globo, situação que acontece pela primeira vez. A nação anfitriã não foge à regra e o "L"Équipe" não teve pudor em fazer uma primeira página inteiramente dedicada às 23 convocadas de França no dia seguinte ao anúncio.
NOTAS SOLTAS
Dupla portuguesa na arbitragem
Sandra Bastos, árbitra internacional, foi designada pela FIFA para apitar jogos. Além da juíza de Aveiro, Portugal faz-se representar por Tiago Martins, este como VAR, tecnologia que será utilizada pela primeira vez no Mundial.
Problemas de saúde afastam duas juízas
A árbitra canadiana Carol Anne Chenard e a assistente chinesa Yongmei Cui foram excluídas por motivos de saúde. O comité de arbitragem da FIFA anunciou que foi diagnosticado cancro da mama a Chenard e que Cui foi aconselhada a não arbitrar devido a problemas cardíacos.
Phil Neville está ao leme das inglesas
Antigo internacional inglês e figura do Manchester United, Phil Neville é o selecionador de Inglaterra. O antigo lateral está no cargo há cerca de ano e meio.
Brasileira Formiga será recordista
Convocada por Vadão, Formiga vai tornar-se recordista de presenças em mundiais. A internacional brasileira de 41 anos, que joga no PSG, vai atingir a sétima participação, superando a japonesa Homare Sawa (seis).
Melhor do mundo é baixa por protesto
Autora de um hat trick na final da Champions, que o Lyon venceu, por 4-1, Ada Hegerberg não participará no torneio. Em protesto contra a desigualdade de géneros na modalidade, a norueguesa, eleita a melhor do mundo, é baixa.
Caderneta gerou comentários sexistas
Numa parceria FIFA/Panini, foi lançada uma caderneta de cromos, que motivou alguns comentários sexistas nas redes sociais, por parte dos utilizadores.
MARTA LUTA PELO TÍTULO EM FALTA NO PALMARÉS
Condicionada por uma lesão, a avançada brasileira pode fazer a despedida em mundiais e está em dúvida para o primeiro jogo, com a Jamaica.
Considerada seis vezes a melhor jogadora do mundo, aos 33 anos Marta lidera a seleção brasileira e em França persegue o sonho de juntar o título mundial ao vasto palmarés. A atacante do Orlando Pride, artilheira de mundiais (15 golos), esteve em Portimão, onde o Brasil estagiou antes de rumar a França, e a sua presença no primeiro jogo com a Jamaica, este domingo, é uma incógnita, devido a uma lesão na coxa. Esta é mais uma contrariedade para a seleção orientada por Vadão, pois o Brasil vem de uma série de nove derrotas consecutivas, um recorde negativo na canarinha e cenário que tem motivado várias críticas ao selecionador.
Naquele que pode ser o último Mundial de Marta, o Brasil não integra o lote de favoritos, mas Dolores Silva acredita que a imagem deixada em França pode ser outra. "O Brasil passou por uma fase menos positiva a nível de resultados na sua preparação nos últimos meses. Em fase de competição as coisas são diferentes e penso que o Brasil, como seleção com jogadoras muito experientes como o caso da Marta ou Formiga, vai querer apresentar-se da melhor forma e tirar partido dessas jogadoras", diz a internacional lusa.
Já Carolina Mendes espera que a melhor futebolista de todos os tempos, que ontem ainda se limitou a fazer trabalho físico, esteja pronta para jogar. "É sempre uma jogadora que marca a diferença e desequilibra", sublinha.
Dupla "lusa" no grupo
Entre as 23 eleitas do Brasil estão a central Tayla e a avançada Geyse, ambas do Benfica. Para Carolina Mendes, a jovem atacante "é uma das melhores jogadoras a atuar em Portugal, com enorme potencial". "Espero que tenha oportunidade de mostrar o seu valor", afirma. Presente no Mundial está outra "portuguesa", a atacante Uchendu, campeã pelo Braga, chamada pela Nigéria.