Diogo Queirós renasce na Roménia: "Foi um conjunto de situações negativas..."
Diogo Queirós, campeão europeu sub-17 e sub-19, promessa enorme do FC Porto, recupera créditos na Roménia, compreendido por Hagi para ser médio-defensivo
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Habitou-se a capitanear os jovens dragões e algumas seleções, num percurso irrepreensível, antes de chegar ao patamar sénior. Salto que trouxe obstáculos de afirmação ao central, que lidou com dificuldades tanto no FC Porto como em Famalicão. Serviram, pois, os 32 jogos, ao serviço do Farul, sob comando do maestro Hagi, para elevarem e muito o encanto .
Sente que renasceu na Roménia, no Farul?
-Após um período de quase dois anos, com dificuldades, sem poder jogar muito, sem minutos, a vinda para a Roménia, fazendo o balanço desta época, trouxe de volta o jogar, a confiança, os minutos. Trouxe-me um sentimento de fazer parte e ser importante numa equipa. Esta temporada fortaleceu-me bastante, devolveu-me a alegria de fazer o que mais gosto.
Boa descoberta e terapia na hora H?
-É natural que sim, quando um jogador volta a jogar, volta a estar bastante tempo no onze, a fazer parte ativa de um projeto, vem a confiança. Sinto-me bem aqui e os objetivos passam por continuar neste caminho, a jogar bem, a evoluir e poder ir em busca de mais e melhor para a carreira.
Refletiu sobre algum momento decisivo e sobre o que foi acontecendo?
-Não consigo apontar um momento decisivo, foi um conjunto de sucessivas situações, sempre negativas. Não havia nada que pudesse fazer que alterasse o que se passava. Só podia focar-me no trabalho, no que podia dar nos treinos, no dia-a-dia, à espera que algo fosse alterado. Com a minha saída para um campeonato periférico com o objetivo de me relançar, fui feliz com essa decisão. Questionava-me sobre as minhas caraterísticas e ninguém é cem por cento de ferro. Fui abaixo em algum momento, duvidava das minhas capacidades, queria saber o porquê de não ser opção ou o que podia fazer melhor para contar para os treinadores.
O que mudou na Roménia?
-Com esta vinda para a Roménia, estou a jogar a médio-defensivo, que não é a minha posição, mas estou a dar-me bem, a jogar bem, sinto que é uma mais-valia poder ser considerado polivalente, poder ajudar a equipa em diferentes lugares e diferentes momentos do jogo. Foi bom ter vindo para cá e explorar esta mudança no terreno.
Um campeonato que levanta problemas distintos?
-Em Portugal há um estilo não direto. Quase todas as equipas procuram a componente mais tática, ter um fio de jogo e posse de bola. Também existem equipas com estilo próprio aqui, mas existem mais apologistas de jogo direto, de bola no ar e disputa constante de segundas bolas. O mais radical que senti.
Recriminou-se sobre o que correu menos bem?
-Este período de dois anos foi difícil, mas de muita reflexão para perceber o que não estava a correr tão bem. Não me posso descartar de alguma percentagem de culpa, devo ter feito alguma coisa mal, mas outras coisas aconteceram fora do meu controlo. Faz parte do passado, estou cem por cento focado no Farul para jogar e alcançar os patamares onde devo estar.
Campeão europeu de sub-17 e sub-19, acusou desgaste por não estar no patamar de outros colegas?
-É normal que tendo sucessivos e muitos momentos bons, grandes desempenhos durante toda a formação, as minhas conquistas levaram-me a idealizar diferente carreira para mim. Infelizmente não aconteceu, o caminho foi outro, mais longo e mais difícil. Mas é porque tinha de ser! O aspeto fundamental é não deixar de trabalhar, para que ninguém aponte nada ao teu rendimento. Manter a condição e vontade de querer singrar. Deves confiar em ti e nas tuas capacidades, pois tudo acaba por virar. Nada dura para sempre, nem os bons nem os maus momentos. Estou a passar um momento muito melhor, quero continuar nesta linha de ascensão e ver onde consigo chegar.
Ao relançar a carreira pensa no regresso a Portugal ou pretende seguir fora do país?
-O meu pensamento de vida, também face aos momentos que passei, fez com que mudasse um pouco a forma de ver as coisas. Tento ser bastante frio e racional nos meus pensamentos, acredito piamente que tenho de me focar no trabalho. No que faço hoje, se trabalhar bem, se as coisas saírem, irei claramente para patamares mais elevados. Se for para voltar à Liga Portuguesa, assim será, se não for não há problema. Quero ver o meu trabalho reconhecido, que possa render frutos e coisas melhores.