Diogo Nobre conseguiu quatro subidas consecutivas em quatro anos na Finlândia
O treinador português Diogo Nobre conseguiu levar os finlandeses do Peimari United a quatro subidas consecutivas desde 2012, procurando agora "chegar à primeira Liga de futebol o mais rapidamente possível".
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Diogo Nobre, de 30 anos, partiu sozinho para a Finlândia em 2012, depois de ser indicado ao presidente do clube durante um estágio do Peimari em Lisboa.
O objetivo era aproveitar os juniores da equipa, "sem experiência mas com muito potencial", revelou em entrevista telefónica à agência Lusa, para competir pela primeira vez no escalão sénior, no equivalente ao sétimo escalão do país escandinavo.
De 2012 até agora o clube somou quatro subidas consecutivas, chegando ao terceiro escalão finlandês, no qual o técnico assume a vontade de "ficar no 'top-3'" e tentar nova promoção, embora a missão seja "muito difícil", devido "aos orçamentos muito superiores de algumas equipas".
Ao português juntaram-se, na equipa técnica, Hugo Henriques, em 2013, e André Miranda, na época seguinte. Para a nova temporada, que arranca em abril, junta-se agora um terceiro homem, Tiago Santos, com todos a trabalharem também nas camadas jovens e no departamento de 'scouting'.
"A qualidade [da equipa técnica] é muito acima da média para a realidade finlandesa. Temos todos formação superior e estamos muito ligados ao projeto", referiu Diogo Nobre.
No plantel figuram três nomes lusos: o guarda-redes Gerson Lima, o defesa Adimar Neves e o extremo Leonildo Soares. Os dois últimos tornaram-se, no final de 2016, internacionais A por São Tomé e Príncipe.
O planeamento "a dois, três anos" é uma das razões do sucesso, explicou o técnico natural de Corroios, a par de um "grupo muito forte" construído em torno "do profissionalismo e capacidade dos jogadores portugueses e da base de miúdos locais" e da observação dos adversários.
"Mal conseguimos assegurar a promoção, começámos logo a ver jogos da divisão superior, para conhecer o nível e saber como jogar para ganhar", afiançou Nobre.
No que toca a métodos de treino, as diferenças entre Portugal e Finlândia configuraram um "choque muito grande", avaliou o treinador, com passagens por Cova da Piedade e Fabril e estágios no Randers, da Dinamarca, e Manisaspor, da Turquia.
"Aqui, é predominante um treino muito físico, que deixa a abordagem técnica e tática muito para trás", adiantou, destacando ainda a forma como os adeptos vivem o desporto, "sem violência e com menos paixão".
"Nunca tivemos um polícia no estádio. Não há violência no futebol e mesmo no início nem sequer faziam barulho nas bancadas, também por serem um povo muito tímido e educado. Agora há muito apoio e até levam bombos", relatou o treinador luso.
A 30 quilómetros de Turku, a cidade finlandesa mais próxima, em Sauvo a vida rural contrasta com as "autênticas vedetas locais" em que se transformou o contingente luso, que é "muito acarinhado" pela comunidade local.
"Aqui nunca aconteceu nada de importante. Acreditam muito em nós, ainda mais quando a grande base do plantel são os miúdos locais", acrescentou o técnico, que encontrou na Finlândia "o pior café do mundo" e uma sociedade "muito difícil de entrar, mas que depois nos dá tudo".