"Diferenças para Portugal? Aqui todas as equipas gostam de jogar, não batem a bola na frente"
ENTREVISTA, PARTE II - Da dificuldade para travar Haaland e Lewandowski ao estilo de jogo intenso e ofensivo da Bundesliga, o burquinês analisa a experiência na Alemanha, aponta os sonhos e fala da experiência de ir à baliza.
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Na Alemanha desde janeiro de 2020, Tapsoba rapidamente se assumiu como um titular do Bayer Leverkusen, com a missão de anular alguns dos avançado mais perigosos do mundo, como Haaland (ex-Dortmund) e Lewandowski (ex-Bayern). Com exceção de uma lesão que lhe roubou três meses na última época, está confortável num dos melhores campeonatos do Velho Continente, mas aspira mais.
Quando trocou o V. Guimarães pelo Bayer, imaginou uma adaptação tão rápida?
-Para ser honesto, não. Quando cheguei aqui, em janeiro [2020], pensava em aproveitar os seis meses seguintes para fazer a adaptação. Mas os meus companheiros aceitaram-me muito bem, o treinador deu-me muita confiança e, quando um jogador recebe essa confiança, vai adaptar-se mais rápido. Por isso, foi mais fácil.
Qual é a grande diferença entre o campeonato alemão e o português? É só a intensidade de jogo?
-Sim, a intensidade do jogo. Aqui o futebol também é mais aberto. Nenhuma equipa se vai fechar a pensar no contra-ataque. Por isso é que é difícil ver um jogo do campeonato alemão com um 0-0. Todos os jogos têm um golo e todas as equipas gostam de jogar, não batem a bola na frente a espera da segunda bola. Mas aí em Portugal existem quatro ou cinco equipas que gostam de jogar sem sair de trás.
Qual foi a maior dificuldade que encontrou nestes três anos?
-Tive uma lesão de três meses [no início de 2021/22] e, quando voltei, foi muito difícil apanhar o ritmo. Jogava mais ou menos bem, mas com dificuldades por causa da lesão e talvez por jogarmos com três defesas.
Que avançado lhe deu mais trabalho?
-O Haaland e o Lewandowski. O Haaland, porque é muito físico, muito rápido e técnico. O Lewandowski, porque é muito inteligente, sabe posicionar-se bem e também jogar com o corpo. Então, é um bocadinho difícil jogar contra esse tipo de avançados.
Este ano teve a experiência de ir à baliza com o Dortmund alguns minutos. O que lhe pensava pela cabeça nesse momento?
-[risos] Acho que nada. Estávamos a falar para ver quem ia à baliza, mas não havia muito tempo para decidir. Vi que o Moussa [Diaby] queria ir para a baliza, mas ele é muito baixinho para guarda-redes [risos]. Então, peguei nas luvas e fui para a baliza.
Aos 23 anos já está num dos melhores campeonatos do mundo. Quais são os sonhos do Tapsoba?
-Individualmente, esta época quero fazer mais jogos pelo Leverkusen, realizar uma grande época e daqui a um ou dois anos ser transferido para um grande clube. Coletivamente, ajudar a equipa a sair da situação, fazer um bom percurso na Liga dos Campeões e, no campeonato, qualificar-nos outra vez para a Liga dos Campeões.