Deixou Costa do Marfim a meio da CAN: "Estávamos à beira de uma catástrofe..."

Jean-Louis Gasset, que deixou o comando da Costa do Marfim após a fase de grupos da CAN’2023, explicou esta sexta-feira que tomou essa decisão para prevenir a ocorrência de uma “catástrofe”, isto depois de a seleção anfitriã ter chegado à final do torneio, onde vai defrontar a Nigéria. 

Em entrevista ao jornal L’Équipe, o técnico francês garantiu que não se arrepende da sua demissão, que surgiu após ter sido goleado pela Guiné Equatorial (0-4) na terceira jornada da fase de grupos da prova, em que a Costa do Marfim terminou no terceiro lugar do Grupo A, com apenas três pontos. 

“Estávamos num balneário devastado, com confrontos lá fora. Via miúdos ao telemóvel a verem como estavam as suas famílias, estavam assustados. Não podemos voltar a passar por isto, estávamos francamente à beira de uma catástrofe. Sou treinador há 35 anos e é a primeira vez que me demito, mas perante o que estava a acontecer... As pessoas diziam-me que era inútil, velho, que nunca tinha treinado em África, tudo bem, mas as coisas estavam a ficar dramáticas. As pessoas dirigiam-se ao nosso hotel, à federação, havia pneus na estrada e polícia por todo o lado”, recordou.

Apesar dos motivos que levaram à sua demissão, Gasset guardou elogios para o trabalho realizado pelo seu antigo adjunto, Emerse Faré, que assumiu o comando interino da seleção até ao resto da CAN e referiu que continua a torcer pelo sucesso dos “elefantes”. 

“Assim que o árbitro apita, o presidente [da Federação Costa-Marfinense de Futebol] recebe uma mensagem [sua]. Envio-a à equipa, aos jogadores e ao capitão. Estou orgulhoso da equipa e feliz, a minha partida acalmou as coisas. Dizemos a nós próprios que ele foi o culpado e isso protege os outros. Talvez seja preciso ver a morte de perto para se recuperar”, refletiu, em jeito de conclusão. 

A Costa do Marfim defronta a Nigéria, treinada pelo português José Peseiro, no domingo (20h00).