O antigo internacional pelo País de Gales abriu o jogo e a alma numa entrevista à BBC, falando da enorme depressão que sofreu, garantindo ser um drama real no futebol profissional
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David Cotterill explicou como conseguia jogar futebol no meio de uma depressão terrível, o seu maior adversário com quem lutou até hoje. Em entrevista à BBC, o médio/ala de 30 anos que já jogou nem clubes como Birmingham, Swansea, Portsmouth, Sheffield, entre outros clubes, e que agora está na Índia, tentou explicar por palavras esse mundo "negro" onde se escondia vezes sem fim. E que pensou em terminar com a própria vida.
"Em muitos treinos só pensava em ir para casa e deitar-me. Ficava horas na cama. Principalmente no defeso, ficava três ou quatro dias deitado, não comia, pensava nas piores coisas e não dormia. Não queria encarar o mundo. Às vezes metia-me no carro, conduzia por muitas horas e só pensava em coisas más. Procurei a forma mais fácil de cometer suicídio. E pergunta como é possível quando se tem mulher e filhos? Pois é verdade, mas eu estava num sítio negro. Havia dias que estava bem, outros muito mal e era sempre assim."
O médio recorda que aos 17 anos já tinha tudo: jogava na Premier League, era internacional pelo seu país, tinha carros, casas e um bom salário. Foi aí que percebeu que algo de errado se passava na sua vida, mas recusava-se a falar sobre isso, com receio de perder o lugar na equipa. "Vamos por as coisas desta forma: se eu chegasse ao pé de um treinador e dissesse que estou mentalmente doente, que preciso de uma pausa, ou de ajuda, ele nunca voltaria a por-me a jogar. Garanto que há muitos jogadores que se sentem assim e não dizem nada a ninguém. Não falam porque não querem perder o seu lugar na equipa, não querem perder os seus rendimentos e a sua família." O médio, que durante muito tempo viveu sozinho o problema, agradece à mulher e ao filho de dois anos e meio as mudanças que nele se operaram.