"Cristiano Ronaldo conseguiu o que Messi não foi capaz: marcar-me um golo"
João Ricardo, guarda-redes que sofreu o primeiro golo de Ronaldo, num duelo entre Sporting e Moreirense, falou a O JOGO sobre a marca histórica do capitão da Seleção. Foi a 5 de setembro de 2024 que CR7 atingiu um número redondo de golos: 900. A viagem até aqui foi longa, tendo começado a 7 de outubro de 2002.
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Foi este o número que dominou a atualidade desportiva nos últimos dias. Iria, ou não, Cristiano Ronaldo chegar às nove centenas de golos oficiais no jogo entre Portugal e a Croácia, no Estádio da Luz? O capitão respondeu positivamente ao desafio e não perdeu a oportunidade de atingir um número redondo.
Tudo começou, precisamente, do outro lado da Segunda Circular, em Alvalade, a 7 de outubro de 2002, há quase 22 anos. Nesse dia jogou-se o Sporting-Moreirense, da sexta jornada da I Liga. Do lado dos leões, Laszlo Boloni promoveu a estreia a titular de um jovem de apenas 17 anos, de seu nome Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro, que bisou nessa partida frente à equipa de Manuel Machado, que tinha na baliza João Ricardo, guarda-redes angolano que em Portugal jogou ainda no Leiria e Marrazes, Académico de Viseu e Salgueiros.
O JOGO falou com o ex-guardião, que hoje está afastado do futebol e tem uma empresa de madeiras em terras angolanas. João Ricardo já sabia do que se tratava quando atendeu a chamada. “É para falar sobre o Ronaldo, não é? Ainda ontem recebi mensagens de amigos meus a meterem-se comigo, a dizerem que eu fui o primeiro a sofrer um golo do Ronaldo.”
Já passaram quase 22 anos desde esse jogo, mas o ex-guarda-redes não esquece esse momento. “Ele pegou na bola quase no meio-campo, tirou uns quantos adversários do caminho e rematou sem qualquer hipótese. Ninguém conseguiu pará-lo ou dar-lhe uma porrada e eu também não consegui fazer nada. Era indefensável”, contou-nos sobre o primeiro dos dois golos de CR7, num encontro que terminou com um triunfo leonino por 3-0. O outro golo dos verdes e brancos foi apontado pelo bielorrusso Kutuzov.
Cristiano Ronaldo era ainda um jovem nessa altura, mas João Ricardo percebeu logo que estava perante um jogador diferenciado. Contudo, nunca imaginou que ele iria marcar tantos golos. “Foi um miúdo que apareceu do nada, mas viu-se logo. Havia o Quaresma também, que já era titular, havia uma certa rivalidade entre eles, mas eles acabavam por puxar um pelo outro. Hoje, o Cristiano é um ícone do desporto.”
E qual é a sensação de ser o primeiro guarda-redes a ser batido por CR7? João Ricardo explicou-nos. “Na altura foi um sentimento de frustração, hoje é de felicidade. O Cristiano conseguiu o que Messi não foi capaz de fazer: marcar-me um golo [Angola defrontou a Argentina num particular em maio de 2006]. Sofri tantos golos, mas não me esqueço dele e ele também não se esquece de mim. Uma vez encontrámo-nos no Algarve, eu fui ter com ele, disse-lhe quem era e ele lembrou-se de mim.”
João Ricardo aproveitou, ainda, para deixar uma mensagem ao internacional português. “Parabéns por este marco importante no desporto, não só do futebol. O Cristiano sempre demonstrou vontade, garra, dentro e fora de campo. Ao início, se calhar, era um bocadinho gozado pelos companheiros, porque ele falava muito, mas depois fazia mesmo. É um exemplo”.