Jackson Irvine é um dos jogadores que mais se destaca por abraçar causas humanitárias e tendências artísticas bem alternativas. Deixou nas suas redes álbum de fotos do Primavera Sound e de um concerto - Fontaines D.C., carregado de sentimentos pela Palestina
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Jackson Irvine, internacional australiano, e grande figura do St. Pauli, que logrou a sua permanência no primeiro escalão alemão, após subida, fez uma partilha da sua felicidade de estar em Portugal a acompanhar os concertos do Primavera Sound, no Porto, exultando no registo fotográfico pelas emoções que lhe fizeram o dia durante a atuação dos irlandeses Fontaines D.C. numa perfeita simbiose entre o jogador de gostos musicais menos padronizados no mundo da bola e uma das bandas que emana maior frescura, soltando acordes e letras que assentam numa apaixonante irreverência reivindicativa.
O concerto de Fontaines D.C., que aconteceu quinta-feira, foi inegável ponto alto do Primavera Sound, destacando-se a catarse coletiva e também uma imponente mensagem solidária com a Palestina e Gaza, ficando exposta a bandeira do povo mártir de Gaza nos ecrãs laterais do palco, não faltando a legenda 'Libertem a Palestina'. Jackson Irvine, conhecido pelas causas, que também são particularmente abraçadas pelo St. Pauli, fez questão de dar relevância a toda essa carga simbólica e próxima da Palestina no seu álbum de fotos da passagem pela extensão portuense do Primavera Sound.
Recorde uma entrevista de Jackson Irvine ao O JOGO com muita música à mistura:
Fazendo a terceira época no clube, persegue no St. Pauli o sonho de chegar à Bundesliga por um clube que torna a profissão ainda mais apaixonante. “É natural que quando estás confortável numa comunidade, numa tribo, numa cidade, envolvido por aquilo que se passa fora do futebol, o teu desempenho pode sair melhorado. Cheguei a uma equipa com uma forma de jogar muito clara. Isso também ajudou e com o passar do tempo as coisas ficaram ainda melhor alinhadas, no que é o momento de vida pessoal e a transposição para o campo”, revela Jackson Irvine, 58 jogos pela Austrália e uma passagem valiosa pelo Celtic.
“Há, realmente, muito por detrás ao representares o St. Pauli, há um compromisso com setores marginalizados, há valores que vão além do futebol e tudo se mistura”, explica, ansioso por tomar lugar num patamar mais condizente com os pergaminhos do emblema de Hamburgo. “Para mim, sempre foi um sonho competir ao mais alto nível, Tive a sorte de o fazer pela Austrália, mas passei a maior parte da minha carreira a jogar nas segundas divisões, tanto em Inglaterra como na Alemanha. Seria uma grande conquista do St. Pauli voltar à terra prometida. Mas não podemos estar obcecados no destino. É mais no processo e no que podemos fazer por desempenhos que nos permitam esses resultados. Ambiciosos mas com equilíbrio, no que é o futuro e as necessárias melhorias diárias”, sustenta.
Pejado de elementos indie, estilo descontraído, nos antípodas do que são padrões de balneário... ele define a sua moda, filosofia de vida muito embrenhada no consumo cultural. As tatuagens são imensas e reportam diversas inspirações.
“Lou Reed e Nick Cave em cada braço, representam artistas favoritos e influentes. Essas tatuagens não são mais que outras, estão aglomeradas e quase se encobrem”, assevera. Adepto incondicional de música alternativa, cinema de culto, pop art, Irvine reconhece a dificuldade de trazer estes temas à baila num balneário. “Música e cinema nunca me fizeram conectar abertamente com colegas, mesmo que haja alguns com gostos ecléticos”, salienta.