Num plantel recheado de jogadores portugueses, o defesa contou com a ajuda dos colegas lusos para se adaptar a uma nova realidade. Agora vai jogar a Liga dos Campeões pelo Olympiacos e sonha dar o salto
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Como correu o primeiro ano fora de Portugal?
—Tenho sempre saudades de Portugal. Fiz muitos jogos, ganhámos o campeonato e a Taça, chegámos aos oitavos de final da Liga Europa e estreei-me nas competições europeias. A nível desportivo, foi um ano incrível. E fora de campo, a vida na Grécia também correu bem, graças à presença de outros portugueses que me ajudaram muito, como o Chiquinho, o David Carmo, o Sérgio Oliveira, o Gelson e o André Horta.
E como é viver na Grécia?
—Fui com a minha namorada. As duas primeiras semanas foram as mais difíceis, especialmente por estar num hotel, com muito calor. Mas, depois, tudo correu bem. O clube deu um grande suporte. A vida lá é muito boa. Estou a viver em Glyfada, uma zona muito calma, a cerca de cinco minutos da praia e a meia hora do centro de estágio; é uma zona onde vivem muitos jogadores do Olympiacos, do Panathinaikos e do AEK. Fiz praia até novembro, e ainda nos primeiros dias de janeiro fui ao mar. A vida social era bastante tranquila. Depois, à medida que fui jogando, começaram a reconhecer-me na rua. Às vezes, após os jogos, os adeptos esperavam por mim e chegaram a pagar-me cafés, mas ao Chiquinho e ao Rodinei até lhes pagam jantares. É uma loucura.
Em Portugal, se calhar não temos bem noção da grandeza do Olympiacos...
—Nem eu tinha, para ser sincero. O fanatismo é incrível. O estádio, apesar de não ser muito grande – são 32 mil lugares – tem um ambiente inacreditável, principalmente nos jogos grandes. Às vezes, nem se consegue comunicar dentro de campo, e até tem melhor ambiente do que há com quase 70 mil adeptos no Estádio da Luz. Jogar ali é mesmo começar a ganhar 1-0. Só peca nos jogos fora, pois não tem adeptos visitantes. Mas o fanatismo deles é superior ao de Portugal.
Em termos desportivos, fez 39 jogos, 28 a titular, e três assistências, sendo que no plantel está o Rodinei, que é também lateral-direito. Faltou só o golo?
—Faltou esse golinho, sim [risos]. Conhecia o Rodinei, mas é diferente trabalharmos todos os dias. Ele fez uma época incrível, é um grande jogador. Aprendi muito, mesmo sendo concorrente direto. Ele jogou muitas vezes a extremo, e o sistema de jogo era diferente. Foi positivo para o meu crescimento.
Jogavam em 4x3x3?
—Sim, mas com variações. A ideia de jogo do treinador era diferente e não entendia muita coisa, no início. Com o Luís Freire, por exemplo, tínhamos reuniões individuais, ele explicava-nos o que queria. Cheguei lá e não houve isso. Tive de perceber sozinho e adaptar-me ao que via nos treinos com um sistema mais direto e exigências diferentes para os laterais. No início, estranhei uma equipa grande jogar um futebol tão direto. Mas fui-me ajustando, e isso acabou por me tornar um jogador melhor.
Tendo mais três anos de contrato, como vê o futuro?
—O objetivo é continuar a crescer, fazer uma boa época e jogar a Liga dos Campeões. E, mais tarde, quem sabe, dar outro salto. Tenho o sonho de jogar em Espanha e Inglaterra, principalmente na Premier League. Seria incrível, jogar a esse nível todas as semanas, com os melhores.
“O Bruno Alves fez-me uma lavagem cerebral”
Costinha cruzou-se muitas vezes com o ex- jogador Bruno Alves, seu conterrâneo da Póvoa de Varzim, que exercia funções como diretor desportivo do AEK. “É uma figura! Um maluco, no bom sentido, mas uma excelente pessoa. Muito focado na nutrição e na vida saudável, fez-me uma lavagem cerebral. Morávamos perto e ele ia correr todos os dias; mesmo com frio, dava mergulhos no mar. Tinha uma rotina impressionante. Aprendi muito”, confessa Costinha, reconhecendo que “tinha uma imagem de um jogador muito agressivo”. “Quando o conheci pessoalmente percebi que era completamente diferente. É uma referência”.