Numa carta aberta, a controladora aérea, Yaneth Molina, que desde o aeroporto de Medellín, na Colômbia, tentou coordenar a aterragem do avião do Chapecoense, revelou estar a receber ameaças à sua "integridade física" e garantiu ter feito o "humanamente possível" para evitar a tragédia.
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O "humanamente possível e o tecnicamente obrigatório" foi o que Yaneth Molina, controladora aérea no Aeroporto Internacional José María Córdova, garantiu ter feito para "conservar a vida" dos ocupantes da aeronave Avro RJ-85 da LaMia, que se despenhou a 30 quilómetros do aeroporto na noite de segunda-feira na Colômbia.
Diversos órgãos de comunicação social colombianos divulgaram esta quinta-feira uma carta escrita pela controladora aérea, que se ouve no áudio do diálogo entre a torre de controlo e o piloto Miguel Quiroga, onde agradece as muitas mensagens de solidariedade recebidas ao longo dos últimos dias, fala da especificidade da sua profissão e de como, todos os dias, está sujeita a situações de risco. E ainda revela estar a receber ameaças à sua "integridade física e tranquilidade pessoal"
Segue a carta na íntegra:
"Apreciados companheiros,
É para mim reconfortante saber que, mesmo neste meio tão difícil, conto com o vosso apoio. De todos os cantos do país, enviaram-me mensagens de força e acompanhamento neste momento difícil da minha vida profissional. Agradeço-vos este apoio com todo o meu coração.
O nosso trabalho é tão especial que hoje me colocou nestas circunstâncias de tempo e lugar para enfrentar a crueldade da realidade que resultou deste incidente.
Companheiros, por minha família e por este trabalho que valorizo e respeito, posso afirmar, com absoluta certeza, que da minha parte fiz o humanamente possível e o tecnicamente obrigatório para conservar a vida destes utilizadores de transporte aéreo.
Lamentavelmente, os meus esforços foram em vão pelas razões que todos vocês conhecem. Hoje a vida colocou-me nesta posição pouco agradável de ter que enfrentar uma situação como a do dia 28, situação que, por nosso trabalho, estamos expostos todos os dias, todos os turnos, e desta vez coube-me a mim. E reitero diante de vocês que me manifestaram apoio, que tudo que fiz na frequência foi para preservar a integridade dos ocupantes dessas duas aeronaves, principalmente e por que os ocupantes das outras aeronaves estavam sob minha responsabilidade.
Lamentavelmente, por causa de meus colegas jornalistas, consegui que pessoas ignorantes e alheias a este ofício, e sobretudo que ignoram os procedimentos, ameacem a minha integridade física e a minha tranquilidade pessoal, pelo que estou a analisar soluções a respeito das quais espero discutir com os diretores da entidade.
Com todo meu respeito e companheirismo, de todo o coração,
Yaneth Molina"