Antigos jogadores portugueses têm boas recordações dos jogos com a Holanda e acreditam que o troféu vai ficar em casa. Se as coisas não estiverem a correr bem, Ronaldo resolve, dizem eles.
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Portugal sabe bem o que é ganhar à Holanda. Um adversário historicamente difícil, é certo, mas que a Seleção Nacional vence com regularidade. Nos oito jogos oficiais, seja no apuramento ou numa fase final, a equipa das Quinas ganhou seis dos oito jogos, empatando um e perdendo outro.
Nelo, Petit e Maniche derrotaram os holandeses, contam as histórias que viveram e abordam o jogo de amanhã. Afinal de contas, a receita é simples: concentração, determinação e qualidade. E, já agora, dá um certo jeito ter Cristiano Ronaldo na equipa.
"Tenho boas recordações dos jogos com a Holanda, até porque foi com a Holanda que fiz a minha estreia como internacional A"
Amanhã, o Estádio do Dragão será o palco do 14.º jogo entre estas duas equipas, o 9.º oficial. Tudo começou em 1990, no velhinho Estádio das Antas. Portugal venceu com um golo de Rui Águas, após um cruzamento de Vítor Paneira.
"Tenho boas recordações dos jogos com a Holanda, até porque foi com a Holanda que fiz a minha estreia como internacional A, na altura com a chamada Laranja Mecânica cheia de craques como Gullit, Rijkaard e Van Basten", recorda Nelo, antigo jogador do Boavista e do Benfica, admitindo que "estava muito ansioso" e que "queria era que o jogo começasse".
Pela experiência que teve nos três jogos, mas também pelo que tem visto ao longo dos tempos, Nelo não tem dúvidas de que Portugal se superioriza à Holanda porque, nestes jogos, a "concentração e a motivação" estão no ponto máximo. Além disso, admite que o futebol da seleção holandesa se enquadra no português. "Quando é um jogo mais direto, complica mais a nossa vida, mas um adversário que saiba jogar, como acontece com a Holanda, facilita a nossa vida", admite, confiante na vitória de Portugal. "Temos uma Seleção muito forte e acredito que vamos vencer a Liga das Nações."
"Antes do jogo, Scolari disse para termos cuidado com o árbitro russo, especialmente eu e o Costinha"
Maniche também tem grandes recordações da Holanda. Além do golaço que marcou em 2004 (ver caixa), voltou a ser decisivo dois anos depois, na Alemanha, naquela que ficou conhecida como a Batalha de Nuremberga. Valentin Ivanov, o árbitro russo, mostrou 16 cartões amarelos e quatro vermelhos. Costinha (45"), Boulahrouz (63"), Deco (78") e Van Bronckhorst (90+5") foram expulsos, num jogo que terminou com a vitória de Portugal por 1-0, com um golo do antigo médio do FC Porto.
"Dos jogos com a Holanda, esse jogo na Alemanha foi o mais marcante. Foi uma autêntica batalha campal", lembra, revelando alguns pormenores desse encontro. "Antes do jogo, o selecionador Luiz Felipe Scolari disse para termos cuidado com o árbitro russo, especialmente jogadores como eu e o Costinha, que tínhamos jogado na Rússia", conta, recordando ainda a surpresa que tiveram quando chegaram ao estádio. "Quando chegámos ao estádio, os holandeses estavam à porta do balneário do árbitro. Já sabíamos o que nos esperava... Depois aconteceram as expulsões e os muitos cartões amarelos...", lamenta.
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Apesar dessas contrariedades, Portugal ganhou com um golo de Maniche. "Foi um golo bonito", reconhece, orgulhoso, garantindo que "as vitórias com a Holanda não aparecem por acaso", mas sim pela qualidade dos portugueses. Acredita, inclusive, que essa será a tendência nos próximos tempos. "É uma geração com muita qualidade. Nos próximos anos podemos ficar descansados", assegura, lembrando que mesmo quando não se joga bem, a receita é simples: "O Cristiano Ronaldo é meia equipa. Quando não estamos bem, aparece o melhor do mundo."
"Num jogo com muitas expulsões, a dada altura já ninguém se entendia e não havia organização de jogo"
Petit também não esquece o jogo com a Holanda, na fase final do Mundial"2006. Era impossível. "O jogo que mais recordo foi a Batalha de Nuremberga, como ficou conhecido. Num jogo com muitas expulsões, a dada altura já ninguém se entendia e não havia organização de jogo", recorda, destacando alguns episódios desse jogo. "A Holanda tinha uma equipa alta, forte e muito dura. Houve muitas quezílias. O Cristiano Ronaldo sofreu uma entrada forte logo nos primeiros minutos e teve de ser substituído."
E se Portugal venceu a Batalha de Nuremberga, também tem argumentos para ganhar amanhã. É essa a convicção do antigo treinador do Marítimo. "Portugal tem apresentado equipas fortes ao longo dos anos e tem ganho à Holanda, assim como tem derrotado com frequência a Inglaterra. São equipas fortes, mas é uma questão de mentalidade", garante, recordando mais alguns condimentos importantes para uma boa receita: "Portugal joga em casa e tem o Cristiano Ronaldo, que pode resolver um jogo de um momento para o outro."
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