Chapecoense: alertou para o perigo, não impediu a partida e acaba despedida
Uma funcionária da administração de aeroportos da Bolívia alertou a companhia aérea Lamia de que o combustível no avião que se despenhou na terça-feira na Colômbia era insuficiente.
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Uma funcionária da administração de aeroportos da Bolívia alertou a companhia aérea Lamia de que o combustível no avião que se despenhou na terça-feira na Colômbia era insuficiente, segundo documentos citados por uma televisão brasileira.
De acordo com o Jornal Hoje, da rede Globo, a funcionária da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea (Aasana) percebeu que, no plano de voo que recebeu de um representante da Lamia, o tempo de voo entre Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e o aeroporto de Medellín, na Colômbia, era igual ao registado para a autonomia de combustível que tinha o avião (04:22 horas), acrescentando que isso era um erro.
O representante da Lamia respondeu que falou com o comandante do avião e que as informações estavam corretas e que conseguiriam chegar a tempo.
A funcionária insistiu, referindo no documento citado: "isso não está bem, consulte bem e altere o plano de voo". Porém, o funcionário da Lamia respondeu: "faremos [o trajeto] em menos tempo, não se preocupe".
De acordo com a televisão, a funcionária, que tinha autoridade para impedir o voo, foi afastada do cargo.
O avião partiu do aeroporto Viru Viru, de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e caiu a 17 quilómetros do aeroporto de Medellín, na Colômbia, na segunda-feira à noite, com 77 pessoas a bordo (71 morreram).
O secretário de Segurança de Aviação Civil (Aerocivil) da Colômbia, Fredy Bonilla, confirmou esta quinta-feira que "a aeronave não tinha combustível no momento do impacto e, por isso, foi aberto um processo de inquérito para determinar o motivo".
Fredy Bonilla lembrou que as normas internacionais exigem que uma aeronave tenha combustível suficiente para cobrir a rota e possua uma reserva adicional para aterrar, se necessário, num aeroporto alternativo.
Antes de o avião cair, numa comunicação com a torre de controlo do aeroporto de Medellín, o piloto reportou uma "falha elétrica total" e falta de combustível.
No avião seguiam elementos da equipa de futebol Chapecoense, do Brasil, que ia disputar a primeira mão da final da Taça Sul-americana com os colombianos do Atlético Nacional, em Medellín.
Entre as 71 vítimas, estão 22 jogadores do clube brasileiro, 22 dirigentes, membros da equipa técnica e convidados, 22 jornalistas e nove tripulantes, tendo sobrevivido seis pessoas, três jogadores, dois tripulantes e um jornalista.