Declarações de Serhii Palkin, CEO do Shakhtar Donetsk, no Thinking Football Summit, sobre como competir em tempo de guerra
Corpo do artigo
Qual a importância que continuem a produzir talentos tão grandes: “Com o que está a acontecer no nosso país, é muito difícil trazer dinheiro. O estádio está vazio, os patrocínios estão a um nível zero, os direitos televisivos também. O dinheiro das transferências é importantíssimo para manter o clube. É praticamente a principal fonte de rendimento e tentamos resolver esta questão de uma forma positiva e tem sido com um grande sucesso. Ajuda-nos a pagar as nossas dívidas, temos muitos jogadores estrangeiros, em muitos casos temos de pagar e também estamos a desenvolver o nosso departamento de scouting. Estamos a contratar jogadores e a trazê-los para a Ucrânia, jogam durante algum tempo e, depois, são transferidos. Estamos a tentar construir esta rede de uma forma positiva e numa boa direção.”
Como é que consegue convencer jogadores a irem para o Shakhtar? “Os jogos da Champions são importantes e todos compreendem isto. Só para que se saiba, eu dedico 100 por cento do meu tempo a fazer negociações, 70 por cento do tempo é para ajudar a família dos jogadores, que vêm para a Ucrânia. É uma rede se segurança que podemos providenciar. Isto é Guerra, ninguém consegue estar seguro e têm de compreender. Tudo o que depender do clube, tudo iremos fazer mas é necessário que se compreenda que não conseguimos assegurar total confiança. Tentamos convencer os jogadores a virem, eles vêm... de facto não vêm todos e eu compreendo isso. O nosso mercado mais importante é o do Brasil e neste momento estamos bem.”
Fontes de rendimento alternativas: “Falando acerca da Ucrânia, é difícil encontrar novas fontes de receita porque estamos em guerra. Sento-me com os meus diretores e temos de ter mente aberta, apontamos todas as ideias no papel. É uma empresa conhecida mundialmente, que está neste momento a desenvolver a estratégia para o clube. A forma como ela se desenvolve é muito positiva, temos uma equipa muito forte, representada por empresas do entretimento. Vou dar um exemplo. A Red Bull, empresa de bebidas, como é que pode saltar para o futebol? É um exemplo de ser mente aberta. Temos de criar boas estratégias para os próximos cinco anos.”
Clubes de futebol são mais do que marcas. Se jogos amigáveis faz parte da estratégia: “Sim, é a minha estratégia enquanto CEO saber como podemos organizar mais jogos amigáveis, por exemplo com Benfica, FC Porto e Sporting. Temos discussões sobre isso e penso que vamos organizar. É muito importante para nós, porque durante estes jogos podemos angariar algum dinheiro, para apoiar as pessoas e os nossos soldados. É preciso ajudar pessoas que perderam as casas, há muitos feridos... Queremos enviar esta mensagem. Estes jogos amigáveis dedicam-se ao que se passa na Ucrânia neste momento.”
Boas relações com a UEFA: “Fui eleito para o comité e o nosso clube é membro da Associação Europeia. Estamos a representar clubes europeus e foi muito importante sermos eleitos. Desde que a guerra começou, ninguém discute connosco que problemas temos, como é que podem ajudar. Vamos ficar sozinhos. Sem apoio, sem jogadores. Para mim, é muito importante estar neste comité porque não quero que esta história se repita a ninguém na Europa. É um papel-chave estar neste Comité, quero proteger os clubes e não quero que aconteça o mesmo.”
Opinião sobre a nova Champions: “É um formato muito interessante. Para os clubes ucranianos é muito importante jogar o mais possível, o máximo de jogos possível na Europa, Tivemos já seis jogos, temos de estar abertos a jogar mais jogos. Esta experiência europeia é muito importante, porque gostamos de melhorar e mostrar o nosso nível. Este formato é muito interessante, traz muito interesse dos adeptos e da receita.”