Carlos Queiroz pode ser o terceiro português a conquistar provas continentais de seleções
O treinador Carlos Queiroz pode tornar-se no domingo o terceiro português a conquistar títulos continentais de seleções, após Nelo Vingada e Fernando Santos, na final da Taça das Nações Africanas (CAN2021) diante do Senegal.
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Os faraós, guiados em campo pela estrela Mohamed Salah, do Liverpool, discutem a 33.ª edição da competição com os leões de Teranga, do também red Sadio Mané, no domingo, às 20:00 locais (19:00 em Lisboa), no Estádio Olembe, em Yaoundé, nos Camarões.
Orientada desde há cinco meses por Carlos Queiroz, a seleção mais vitoriosa do historial da CAN, com sete cetros (1957, 19591, 1986, 1998, 2006, 2008 e 2010), tenta cimentar o seu estatuto continental, frente a um Senegal ainda em branco.
O Egito até começou a perder com a Nigéria (0-1), mas os triunfos sobre Guiné-Bissau e Sudão (ambas por 1-0) valeram o segundo lugar no Grupo D, com seis pontos, e uma vaga na fase seguinte, na qual superou três prolongamentos e duas lotarias de penáltis.
A Costa do Marfim (5-4), nos oitavos de final, e o anfitrião Camarões (3-1), nas meias, foram afastados no desempate da marca dos 11 metros, após nulos no final dos 120 minutos, enquanto Marrocos caiu apenas no prolongamento, por 2-1, nos "quartos".
Carlos Queiroz, de 68 anos, deverá estar ausente do banco, devido à expulsão na meia-final com os leões indomáveis, de António Conceição, num duelo em que buscará alcançar a principal conquista à frente de uma seleção sénior durante quase quatro décadas de carreira.
Se o técnico pode ser o primeiro português a vencer a CAN, os Camarões, com êxitos em 1984, 1988, 2000, 2002 e 2017, discutem no sábado o terceiro e quarto lugares com o Burkina Faso, que Paulo Duarte levou ao "bronze", em 2017.
Esse compunha o melhor registo de lusos até à edição de 2021, adiada para este ano devido à pandemia de covid-19, que poderá juntar Carlos Queiroz a Nelo Vingada e Fernando Santos no restrito lote de vencedores de provas continentais de seleções.
Depois de ter auxiliado Carlos Queiroz nas diversas seleções de Portugal, entre 1988 e 1993, com dois títulos mundiais seguidos de sub-20, em 1989 e 1991, Nelo Vingada coroou o primeiro desafio a solo no estrangeiro na Taça das Nações Asiáticas de 1996.
Recém-chegado à Arábia Saudita, onde tinha conquistado o primeiro Mundial de sub-20 pela equipa das quinas, o serpense começou por resistir à poule B, com seis pontos, mercê de vitórias sobre Tailândia (6-0) e Iraque (1-0) e uma derrota frente ao Irão (0-3).
Nos quartos de final, os falcões verdes deixaram pelo caminho a China (4-3), antes de novo triunfo perante o Irão (4-3 nos penáltis, após 0-0 no prolongamento), em moldes idênticos à final disputada frente ao anfitrião Emirados Árabes Unidos (4-2 na lotaria).
Vinte anos depois do terceiro e último título continental da Arábia Saudita (1984, 1988, 1996), Fernando Santos ajudou a escrever a página mais dourada em praticamente 100 anos de história da seleção portuguesa, com um inédito título de campeão da Europa.
Os lusos passaram o Grupo F apenas com empates ante Islândia (1-1), Áustria (0-0) e Hungria (3-3) e afastaram Croácia (1-0, após prolongamento), Polónia (5-3 nos penáltis, após 1-1 nos 120 minutos) e País de Gales (2-0) no caminho para a final com a França.
Em Saint-Denis, nos arredores de Paris, um pontapé de Eder, aos 109 minutos, selou a vitória de Portugal (1-0, após prolongamento), que, 12 anos antes, tinha perdido como anfitrião o jogo decisivo do Euro'2004 face à Grécia (0-1), no Estádio da Luz, em Lisboa.
Nessa condição, Fernando Santos levou a equipa das quinas a vencer a primeira edição da Liga das Nações, em 2019, ao impor-se na final aos Países Baixos (1-0), com um golo de Gonçalo Guedes, aos 60 minutos, na final disputada no Estádio do Dragão, no Porto.
O atual selecionador de Portugal, de 67 anos, foi também o único luso a disputar a Taça das Confederações, em 2017, ficando pelo terceiro lugar, e acompanha Carlos Queiroz nos três melhores desempenhos de treinadores nacionais em campeonatos do mundo.
O lisboeta levou as seleções de Grécia e Portugal aos oitavos dos Mundiais de 2014 e 2018, sendo afastado por Costa Rica e Uruguai, respetivamente, ao passo que o luso-moçambicano viu a equipa das quinas perder com Espanha na mesma fase, em 2010.
Carlos Queiroz, que orientou seis seleções e dirigiu o conjunto nacional em duas fases distintas (1991-1993 e 2008-2010), detém ainda os registos mais bem-sucedidos de sempre de técnicos portugueses na Copa América, ao conduzir a Colômbia aos quartos de final, em 2019, e na Taça Asiática, evoluindo com o Irão até às meias, em 2019.
A nível de clubes, Manuel José, de 75 anos, personifica o domínio luso no continente africano, ao ser o único detentor de quatro Ligas dos Campeões (2001, 2005, 2006 e 2008) e quatro Supertaças (2002, 2006, 2007, 2009), todas com os egípcios do Al-Ahly.