João Alves, o mítico Luvas Pretas, foi jogador e treinador em Espanha, aborda momento do português, já desejado com contrato de longa duração num Campeonato que não é habitualmente fácil para os lusos
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Com Carvalhal na mó de cima, já convidado a estender a sua ligação ao Celta, João Alves é um dos portugueses que melhor compreende o sucesso de um compatriota em Espanha, até porque nunca houve muitos treinadores lusos em Espanha e os que foram tiveram numa esmagadora maioria passagens muito breves no campeonato, exceção a José Mourinho (114 jogos), Nuno Espírito Santo (51) e Carlos Queiroz (38). Pela La Liga só houve em toda a história 12 comandantes lusos, tendo Alves sido o rosto de um projeto ambicioso do Salamanca na II DIvisão.
"A minha experiência só correu bem ao clube, porque subiu no final da época, viveu depois grandes anos na 1 Divisão e fez grandes vendas com os jogadores que eu levei como foram Pauleta, Giovanella, Taira ou Catanha. Para mim durou um mês e meio e abdiquei de tudo num contrato economicamente muito bom de duas épocas", afirma o mítico Luvas Pretas, figura de proa do Salamanca entre 1976 e 1978, jogador que fez as delícias no Helmantico.
"Cheguei de costas largas pelo meu passado como jogador do clube, eleito o melhor da história pelos adeptos, com prémio individuais em Espanha. Tinha esse background mas apanhei um clube que tinha descido, estavam instalados nervos à flor da pele, muitos problemas internos. Não correu bem, muita pressão da comunicação social local, mas veio-se a provar que foram contratados grandes jogadores e a equipa foi bem montada", recorda João Alves, apreciando o trabalho de Carvalhal em Vigo, já com 19 anos ao leme, oito vitórias e uma escalada acentuada na tabela.
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"Não seria fácil ter o impacto positivo que teve. Diz-se que é o país de 'nuestros hermanos' mas no futebol não é fácil chegar lá e triunfar. É preciso ter olhos bem abertos, ter as coisas bem organizadas e ver o contexto correr bem. Com a experiência que tem foi munido de retaguarda e entrou em ação de olhos bem abertos", sublinha João Alves.
"Os resultados refletem um bom trabalho de um excelente treinador e um homem de muita experiência. Acho que tem todas as condições para continuar a ser feliz em Vigo, além de que é uma cidade próxima da sua cidade-natal de Braga Isso facilitou certamente a adaptação. O importante é ter gente boa a trabalhar a seu lado, falo dos atletas e de quem forma a estrutura do clube e o seu próprio staff", observa, lendo a influência de Carvalhal no Celta.
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"Ele privilegia a capacidade técnica, a criatividade e a defesa de um coletivo. Aposta num bom futebol, acho que se sente cómodo como um peixe na água. Tem todos os alicerces para que tudo continue a correr bem", sinaliza, debruçando-se sobre o espectro da comunicação.
"É um excelente comunicador, o passado fala por si, aprendeu com outras experiências no estrangeiro, melhores ou piores. Tem experiência acumulada para um futebol muito exigente mas de gente muito apaixonada", conclui.