Competição africana de seleções teve o pontapé de saída a 9 de janeiro
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>> CAN'2021: os grupos, o calendário, estádios e outras curiosidades
A 33.ª edição da Taça das Nações Africanas (CAN'2021) de futebol arrancou nos Camarões, com a Argélia a defender o título frente aos habituais candidatos, incluindo o recordista Egito, de Queiroz e Salah, uma das estrelas do torneio.
À lista de favoritos junta-se também a seleção da casa, os leões indomáveis, comandados pelo treinador português António Oliveira, bem como Senegal, Costa do Marfim e Gana, com Marrocos e Nigéria também no lote.
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No mundo lusófono, destaque para a presença de Cabo Verde (2013 e 2015) e Guiné-Bissau (2017 e 2019), seleções que vão somar a terceira presença na mais importante prova africana de seleções. Logo na estreia, os tubarões azuis conseguiram alcançar os quartos de final, a sua melhor participação, enquanto a formação guineense caiu sempre na fase de grupos.
Originalmente marcado para junho e julho de 2021, o torneio foi primeiro antecipado para janeiro desse ano, devido às altas temperaturas normalmente registadas em solo camaronês durante o verão, mas o segundo plano acabou por ser riscado, devido à pandemia da covid-19, obrigando ao adiamento para 2022.
Além do adiamento, a pandemia obrigou também à limitação dos estádios, com os recintos a poderem ter entre 60% e 80% da lotação máxima, e promete ser tema durante todo o torneio, com as várias seleções a estarem sempre "reféns" do aparecimento de casos positivos no plantel.
Depois de ter conquistado o segundo título em 2019, a Argélia chega a solo camaronês com reais possibilidades de voltar a levantar o troféu, mas primeiro tem que assegurar o apuramento no Grupo E, em que estão também Costa do Marfim, outro dos favoritos, Serra Leoa e Guiné-Equatorial.
O capitão Riyad Mahrez, do Manchester City, é a figura da seleção norte-africana, em que se destacam também o criativo Yacine Brahimi (ex-jogador do FC Porto) e o avançado Islam Slimani (ex-Sporting).
Contudo, as atenções prometem estar viradas para o Egito, do treinador português Carlos Queiroz, e, sobretudo, para Mohamed Salah, do Liverpool, que vai ter nova oportunidade de conquistar a CAN com o seu país, depois da final perdida de 2017. Os ""faraós" são recordistas de títulos, com sete, mas não levantavam o troféu desde 2010.
A seleção comandada por Queiroz vai disputar o Grupo D, com a Nigéria, que está bem longe dos tempos áureos, o Sudão e a Guiné-Bissau, que promete ter bastantes dificuldades para alcançar pela primeira vez os "quartos".
Tal como Queiroz, os Camarões, de António Oliveira, vão igualmente ter um rival lusófono, Cabo Verde, num Grupo A em que são claramente favoritos e em que os tubarões azuis parecem ter boas hipóteses frente a Etiópia e Burquina Faso.
O Senegal também não deverá ter dificuldades no Grupo B, com Zimbabué, Guiné-Conacri e Malaui, enquanto o Grupo C promete ser dos mais disputados, com Marrocos, Gana e Gabão. O estreante Comoros fecha o agrupamento. O outro debutante é a Gâmbia, que está incluída no Grupo F, com a Mali, Tunísia e Mauritânia.
Os dois primeiros classificados de cada um dos seis grupos têm acesso direto aos oitavos de final, em que terão a companhia dos quatro melhores terceiros posicionados.
A CAN'2021 vai ser disputada em cinco cidades dos Camarões (a capital Yaoundé, Douala, Garoua, Bafoussam e Limbe) e em seis estádios, com capacidade entre os 20 e 60 mil espetadores, números que estarão limitados devido às medidas de combate à pandemia de covid-19.
A prova arranca oficialmente no domingo, com os anfitriões Camarões a defrontarem o Burquina Faso, em Yaoundé, no Estádio Olembe, e termina em 06 de fevereiro, com a final no mesmo local.
>> Um velho problema da CAN: França sofre com a debandada
Com arranque marcado para o próximo domingo, a edição de 2021 da Taça de África das Nações, adiada para este ano à conta da pandemia da covid-19, voltou a ser tema de intenso debate por provocar uma debandada de jogadores em pleno período competitivo do futebol europeu. Com as listas de convocados, das 24 seleções participantes, devidamente oficializadas pela CAF contabiliza-se um total de 446 jogadores provenientes de 86 campeonatos de 48 países europeus, asiáticos e americanos que rumaram a África para representarem as respetivas equipas (ver quadro). Refira-se que 16 das supracitadas ligas jogam-se durante o verão e estão paradas neste momento.
Inglaterra e Espanha, com 52 e 31 atletas chamados, fecham o pódio. Já o Metz, com sete convocados, é a equipa mais atingida, à frente de Arsenal, Olympiacos, Standard, Nantes e St. Étienne, com cinco
Lar de uma imensa diáspora africana, a França surge como o país mais atingido pela CAN, com 105 jogadores de 53 equipas, divididas por cinco divisões diferentes, convocados para o torneio que se vai estender até 6 de fevereiro. Das 20 equipas que disputam a Ligue 1 apenas o Lille, dos portugueses José Fonte, Renato Sanches, Xeka e Tiago Djaló, foi poupado à razia generalizada. O segundo país mais afetado foi a Inglaterra, com 52 atletas a desfalcarem as respetivas formações nos próximos jogos: 34 deles, com Salah, Mané, Mahrez, Mendy e Partey à cabeça, atuam na Premier League.
A fechar o pódio surge a Espanha, país que chega às 31 baixas, também em cinco divisões diferentes, à boleia do forte contigente que empresta às seleções da Guiné-Equatorial e de Marrocos. Seguem-se Bélgica (27) e Itália (24) antes de chegarmos a Portugal, cuja grande maioria dos 22 jogadores foram chamados para alimentarem as equipas de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, os dois representantes lusófonos no torneio que se vai disputar nos Camarões.
Analisando o impacto ao nível das equipas, a do Metz surge como a mais atingida pela CAN. Os argelinos Oukidja e Boulaya, o costa-marfinense Maiga, o maliano Kouyaté, o marroquino Alakouch, o senegalês Sarr e o tunisino Bronn formam o lote de sete jogadores que deixaram de estar à disposição de Frédéric Antonetti, treinador do atual 18º classificado da Ligue 1.
Desta mesma competição vêm dois dos mais diretos perseguidores do Metz: Nantes e Saint-Étienne - que também está na luta pela permanência na elite do futebol francês - têm ambos cinco baixas à conta da realização da CAN. Com esse mesmo número de jogadores convocados surgem o Standard de Liège, o Arsenal e o Olympiacos de Pedro Martins, que ficará sem o cabo-verdiano Gerry Rodrigues, o camaronês Kunde, o guineense Camara, o nigeriano Onyekuru e o senegalês Cissé. Destaque também para equipas ainda envolvidas nas competições da UEFA que colocam, a solo, os seus países no mapa da CAN, como o Sheriff (Moldávia), o Estrela Vermelha (Sérvia) e o Salzburgo (Áustria).
>> CAN'2021: talento escondido nas quintas divisões
Uma das características mais fascinantes da festa do futebol africano passa pela presença de jogadores pouco habituados a atuarem nos grandes palcos internacionais.
A busca de talento por parte de alguma das participantes mais modestas da prova levou-as até longínquas quintas divisões de seis países europeus.
Estreante nas andanças da CAN, a Gâmbia foi aos amadores do Bronshoj (Dinamarca) e do Dietikon (Suíça) "pescar" Ngum e Jagne, respetivamente.
As Comores também vão somar a sua primeira participação no torneio e recrutaram Ben Boina ao Endoume, clube da zona de Marselha. Já a Serra Leoa recorreu a Sesay, dos ingleses do Wealdstone Raiders, para fortalecer a sua defesa. Por fim, duas das Guinés em prova, a Bissau e a Equatorial, viram, respetivamente, em Jonas Mendes (Beira-Mar) e Embela (Somozas) ativos de eleição.
>> Conceição e Queiroz à caça de título inédito na CAN: recorde o passado português na prova
No seguimento das conquistas da América do Sul e da Ásia a nível de clubes, graças às vitórias de Abel Ferreira (Palmeiras) na Taça Libertadores e de Leonardo Jardim (Al-Hilal) na Champions asiática, respetivamente, chegou a vez dos treinadores portugueses partirem à conquista de África no futebol de seleções. A partir de domingo, António Conceição (Camarões) e Carlos Queiroz (Egito) vão começar a lutar por um troféu inédito para as cores portuguesas e ambos têm armas para superar o registo estabelecido por Paulo Duarte, que guiou o Burquina Faso ao terceiro lugar da CAN de 2017, naquela que foi a melhor participação entre a diáspora.
Paulo Duarte, que guiou o Burquina Faso ao terceiro lugar em 2017, é a exceção num torneio que não foi simpático para os técnicos portugueses nas restantes 13 ocasiões em que marcaram presença
A caminhada do atual selecionador do Togo representa um murro na mesa num histórico discreto dos treinadores lusos na competição e só foi alcançada à terceira tentativa, pois nas duas anteriores ficou-se pela fase de grupos. Esse é, aliás, o destino habitual nas 14 ocasiões em que uma seleção africana foi treinada por um luso na CAN: além de Paulo Duarte só Manuel José, ao comando de uma Angola a jogar em casa, Carlos Queiroz (África do Sul) e Artur Jorge (Camarões) conseguiram avançar até aos "quartos", onde caíram.
António Conceição vai fazer a sua estreia ao nível de fases finais de competições de seleções, enquanto Carlos Queiroz já está habituado a estas andanças: esta será a sua nona presença e a segunda pelo Egito
O cenário de uma eliminação precoce representaria uma catástrofe para os dois técnicos lusos presentes na edição de 2021, que são apontados como favoritos à conquista da prova. À boleia do estatuto de anfritrão, António Conceição está pressionado a erguer um troféu que os Camarões conquistaram pela última vez em 2017, vencendo, curiosamente, o Egito na final da competição disputado no Gabão. Já Carlos Queiroz está ao comando da seleção que é a maior vencedora de sempre da CAN, com sete títulos conquistados, e tem Salah, a viver o melhor momento da carreira, como grande trunfo.
Na edição de 2017, jogada no Gabão, os Camarões sagraram-se campeões após vencerem o Egito na final. Em 2019, as equipas ficaram pelos "oitavos" na prova ganha pela Argélia
Com uma carreira maioritariamente passada ao serviço de clubes, com passagens por Roménia, Chipre e Arábia Saudita, António Conceição vai-se estrear em fases finais de competições de seleções. Já Carlos Queiroz está habituado a estas andanças. A sua estreia ocorreu na CAN de 2002 com a África do Sul. Posteriormente orientou Portugal no Mundial"2010 e o Irão nos Mundiais de 2014 e 2018 e nas Taças da Ásia de 2015 e 2019. Ao serviço da Colômbia disputou uma Copa América em 2019 e, já ao "volante" do Egito, foi derrotado pela Tunísia nas "meias" da última edição da Arab Cup, que se jogou no passado mês de dezembro.
>> Portugal representado com 21 jogadores na CAN: da Liga Bwin ao Campeonato de Portugal
O nigeriano Zaidu, do FC Porto, encabeça a lista de 21 jogadores que atuam em Portugal e vão participar na Taça das Nações Africanas (CAN'2021), com o Vitória de Guimarães a ser o clube mais representado.
O emblema minhoto vai ter três jogadores na prova que arranca no domingo, nos Camarões, e que terá a Guiné-Bissau como a seleção mais lusa, com um total de 11 futebolistas a atuarem nos campeonatos nacionais.
O FC Porto também empresta dois jogadores à mais importante competição africana de seleções, enquanto os restantes estão espalhados pelos vários escalões do futebol português, incluindo a Liga 3 e o Campeonato de Portugal.
Durante janeiro, o Vitória de Guimarães vai ficar desfalcado do central Mumin, que vai representar o Gana, do lateral Sacko, chamado pelo Mali, e do médio Alfa Semedo, um dos 11 jogadores a atuar em Portugal que vai defender as cores da Guiné-Bissau.
Para a sua terceira participação na CAN, a seleção guineense conta com um jogador do quarto escalão, o Campeonato de Portugal, o defesa esquerdo Leonel Alves, que atua no Marinhense.
Manuel Balde (Vizela), Fali Candé (Portimonense), Sori Mané (Moreirense), Encada (Leixões), Simão Júnior (Vilafranquense), Bura Nogueira (Farense), Mimito Biai (Académica) e Mendy (Vitória de Setúbal) são outros dos representantes do futebol português.
Nanu fecha a armada guineense e é o segundo jogador do FC Porto que vai estar na competição, juntamente com Zaidu, da Nigéria, seleção que após a CAN vai passar a ser comandada pelo português José Peseiro.
O FC Porto é o único grande do futebol português que vai estar representado na CAN, depois de Feddal (Sporting) e Taarabt (Benfica) terem ficado fora das opções de Marrocos. Jovane Cabral, do emblema leonino, também vai estar ausente em Cabo Verde, mas devido a lesão.
Mesmo assim, em solo camaronês, os tubarões azuis vão ter a contribuição de cinco jogadores que atuam em Portugal, incluindo o guarda-redes Márcio Rosa, do Montalegre, da Liga 3. Marco Soares (Arouca), Gilson Tavares (Estoril), João Paulo (Feirense) e Nuno Borges (Casa Pia) fecham a lista.
Yusupha Njie (Gâmbia), avançado do Boavista, e Luís Asué (Guiné-Equatorial), avançado da equipa de sub-23 do Braga, também vão estar na CAN, numa lista de portugueses que ainda não inclui Issahaku, médio do Gana.
O jogador, de apenas 17 anos, atua no seu país, no Dreams, mas já tem contrato assegurado com o Sporting a partir da próxima temporada.
A CAN'2021, a 33.ª edição da competição, vai decorrer de domingo a 6 de fevereiro, depois de ter sido adiado devido à pandemia da covid-19. A Argélia é o atual detentor do título.