"Campanhas como a de Marrocos vão acontecer com mais frequência. África veio para ficar"
Pedro Gonçalves, selecionador de Angola, garante que há seleções com a valia necessária para repetir o feito de Marrocos no Catar no próximo Mundial.
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Inédito na história do futebol africano, o quarto lugar de Marrocos no Mundial"2022 veio colocar todos os holofotes num continente que também aplaudiu as prestações de Senegal (caiu nos "oitavos"), mas também de Tunísia, Camarões e Gana, que saíram do Catar com vitórias no bolso.
Em conversa com O JOGO, Pedro Gonçalves, selecionador de Angola, tem poucas dúvidas que África tem um futuro risonho: "África tem seleções fortíssimas que podem rivalizar com qualquer adversário. Não sei se no próximo Mundial haverá uma seleção africana nas "meias". Todos almejam isso e acho que campanhas como a de Marrocos vão acontecer com mais frequência. Creio que África veio para ficar."
O forte investimento governamental, com o caso marroquino à cabeça, e a presença de vários jogadores em campeonatos europeus de topo - muitos deles seduzidos para jogarem pelos países dos seus antecessores - são apontados por Pedro Gonçalves como as principais razões para o salto qualitativo das equipas africanas. "Toda a gente já se apercebeu da força do jogador africano. Muitos vivem na Europa e têm conhecimento daquilo que é a competitividade e a realidade ao mais alto nível. Com o compromisso certo ajudam a tornar melhores os países onde estão as suas raízes. Depois, quando os próprios governos apostam forte, tudo se torna mais rápido", sublinhou o treinador português.
O selecionador de Angola também crê que o aumento de vagas para África em 2026 vai impulsionar ainda mais países. "Em África existem de 12 a 14 seleções de idêntica valia. Há uma guilhotina injusta porque só se apuram cinco das 54 que disputam o apuramento. Em 2026 podemos ter até dez seleções africanas e outras terão oportunidade de mostrarem qualidade e competência", antevê Pedro Gonçalves, alertando, porém, para o trabalho que ainda tem de ser feito no futebol local: "Da África subsariana estiveram 78 jogadores representados e só quatro militam em ligas africanas. Desses só um é que jogou e esteve apenas cinco minutos em campo. Temos de refletir sobre isso e adequar os nossos trabalhos para promover o talento local."
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