Antigo campeão do Mundo defende que a CBF deveria apostar na contratação de um treinador brasileiro para a sucessão de Dorival Júnior no "Escrete" e não apostar num nome estrangeiro como Carlo Ancelotti ou os portugueses Jorge Jesus e Abel Ferreira
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Cafu defendeu esta segunda-feira que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) deveria apostar na contratação de um técnico brasileiro para a sucessão de Dorival Júnior no comando daquela seleção e não num estrangeiro, numa altura em que Carlo Ancelotti (Real Madrid) e os portugueses Jorge Jesus (Al Hilal) e Abel Ferreira (Palmeiras) têm sido apontados ao cargo.
À margem dos prémios Laureus, em Madrid, o lendário defesa-direito, campeão do Mundo por duas vezes pelo Brasil, começou por dizer à imprensa espanhola que a possibilidade de Ancelotti comandar o “Escrete” no Mundial’2026 o deixa entusiasmado.
“Tive a oportunidade de trabalhar com Ancelotti no Milan durante cinco anos, por isso sei muito bem do que ele é capaz com a camisola da seleção brasileira. É um grande treinador, com certeza que gostaria de que ele chegasse à seleção. Seria genial ver Ancelotti, se a CBF o decidir, no comando da seleção brasileira. Oxalá que os nossos dirigentes decidam o mais rapidamente possível”, comentou, já depois de ter dito que o ex-Vitória e Sporting Raphinha, atualmente no Barcelona, “merece a Bola de Ouro há algum tempo”.
No entanto, em declarações ao UOL Esporte, Cafu acabou por quase contrariar o seu discurso anterior, admitindo que preferia que a CBF desistisse de contratar um nome estrangeiro e apostasse novamente num técnico canarinho.
“É um ano e meio (até ao Mundial), há pouco tempo para trabalhar. Se há pouco tempo para trabalhar, coloquem um treinador brasileiro, que já está no Brasil, conhece o futebol brasileiro, conhece os jogadores... Vejo o Rogério Ceni como um grande nome, o Renato Gaúcho, o próprio Roger (Machado), que está fazendo um trabalho fantástico no Internacional. Porque não pensar também nesses nomes ao invés de pensar só em nomes de treinadores estrangeiros que nem sabemos se vêm ou não?”, questionou.
“No momento em que era para estarmos a escolher um treinador brasileiro, estamos a escolher um treinador estrangeiro. De que vale, então, a carteira de treinador do Brasil? Talvez seja falta de oportunidades. Vejo que a CBF, hoje, dá poucas oportunidades para ex-jogadores que se tornaram treinadores e estão no Brasil. Tem de se começar a abrir esse leque e a dar oportunidades. Não só o Jorge Jesus, como o Ancelotti, o próprio Abel, são treinadores que estão a ser especulados. Essa indefinição é muito má, até para nós respondermos. Acho que tinha de se definir. Não sei o porquê do segredo de não se definir o treinador da seleção. Isso gera uma expectativa muito grande. Tu abres o mercado do tipo: 'Estou a leiloar o cargo na seleção brasileira'. Isso, para o futebol brasileiro, é muito mau. Todos estes treinadores têm capacidade, como têm também os técnicos brasileiros", considerou.
“Eu preferiria um treinador brasileiro, sem dúvida alguma. Somos o único pentacampeão do mundo, cinco estrelas no peito, um país a ser respeitado. Não é que não possa ir um treinador estrangeiro, mas, pelo tempo, estamos a um ano e meio do Mundial... Coloquem um técnico brasileiro e vejam o resultado, a posição em que vai chegar. Baseado nisso, tomem uma decisão", reforçou Cafu, em jeito de conclusão.