Cabo Verde a um passo do Mundial'2026: "Vão ser três ou quatro dias de feriado"
País lusófono de 550 mil habitantes já se prepara para a festa que, previsivelmente, terá lugar na próxima data FIFA, em outubro. O inédito apuramento para um Mundial, à distância de três pontos, “colocará Cabo Verde no mapa”, acredita Fernando Varela, um histórico da seleção comandada por Pedro “Bubista” Brito.
Corpo do artigo
Três pontos separam Cabo Verde da sua primeira participação numa fase final de um Campeonato do Mundo de futebol, num acontecimento que fará certamente parar o pequeno país lusófono. Para o jogo da última terça-feira, diante dos Camarões, o Governo cabo-verdiano já tinha decretado tolerância de ponto para que os funcionários públicos da ilha de Santiago pudessem acompanhar a partida. Em caso de apuramento, o período para festejar – e recuperar das celebrações – irá ser garantidamente superior. “Vão ser três ou quatro dias de feriado nacional, sem dúvida (risos)! O povo cabo-verdiano vê o futebol como uma forma de descarregar as emoções, as dificuldades, os problemas que enfrenta diariamente na vida. Viu-se, no fim do jogo, a alegria que se sente em Cabo Verde com os feitos desta seleção”, realça, a O JOGO, Fernando Varela, antigo internacional pelos Tubarões Azuis.
A primeira manifestação nesse sentido, de resto, deu-se já na noite de terça-feira, com a invasão (pacífica) de campo no lotado Estádio Nacional, na Praia, após o apito final da vitória histórica por 1-0 sobre os camaroneses. O ex-central, que encerrou a carreira no fim da última época, aos 37 anos – após festejar a subida à I Liga pelo Alverca –, testemunhou a felicidade que se sentiu no seio da equipa ao falar com Vozinha, guarda-redes do Chaves com quem partilhou o balneário da seleção cabo-verdiana durante dez anos – e que, apesar dos 39 anos de idade, se revelou decisivo para este histórico triunfo sobre os Camarões.
Para Fernando Varela, a sensação de dever (quase) cumprido não é desconhecida: há precisamente 12 anos, o antigo central foi parte integrante da equipa que garantiu a primeira presença de sempre de Cabo Verde numa Taça de África das Nações (CAN), num conjunto onde constavam ainda dois atuais internacionais: o já referido Vozinha e Ryan Mendes, outro dos capitães. “É uma felicidade imensa, sentir que se está a um passo de conseguir um marco histórico, que ficará para sempre eternizado nas pessoas e na história do país. São momentos inesquecíveis, um jogador até só se dá conta mais tarde: eu, por exemplo, só agora, que já terminei a carreira de jogador, apercebo-me bem da dimensão desse nosso feito (risos)”, dispara.
Uma eventual presença no Mundial’2026 pode ser o catalisador para o crescimento do futebol cabo-verdiano a vários níveis, defende Varela. “Em termos mediáticos, a participação num Mundial está muito acima do que acontece, por exemplo, numa CAN. Vai abrir novas portas, novos mercados para o jogador cabo-verdiano, para países como França, Alemanha ou Inglaterra. Mais publicidade, mais marketing. Vai pôr Cabo Verde no mapa, porque o planeta pára nesse período para ver um Mundial”, salienta.
Cabo Verde, um país com cerca de 550 mil habitantes e atual 73.º classificado no ranking da FIFA (22 lugares atrás dos… Camarões), pode festejar o ponto mais alto da sua relativamente curta história no próximo dia 8 de outubro, diante da Líbia, que ainda corre pelo segundo lugar com os leões indomáveis. Caso falhem o primeiro “match-point”, os Tubarões Azuis têm ainda a hipótese de carimbar o apuramento três dias depois, na receção a Essuatíni, lanterna-vermelha do Grupo D, com apenas dois pontos em oito jogos.