ENTREVISTA, PARTE II >> Argelino faz a diferença na equipa de Pedro Martins, que assume ser “difícil” contratar em Portugal
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Pedro Martins aponta as diferenças entre o investimento “extraordinário” na Arábia Saudita e o que está a ser feito no Catar.
O jogador em Portugal está “muito caro”. Essa a principal razão para não ter tido nenhum no plantel que ganhou a Taça do Emir e, garante, nem terá na atual que arranca com um estágio na Eslováquia.
Na época passada, tinha três espanhóis, um argentino, um uruguaio e um islandês, entre jogadores de 11 nacionalidades diferentes. Porque não tinha nenhum português?
—O jogador português está mais caro. Tivemos contactos com alguns jogadores portugueses, mas não foi possível.
Esta época poderá surgir essa hipótese?
—É complicado. Os números que os clubes portugueses pedem pelo jogador de futebol são incomportáveis para nós.
Tem no plantel Brahimi. Aos 35 anos, fez 11 golos em 30 jogos. Continua a fazer a diferença?
—É importante na estrutura. Nos últimos seis meses fez uma época extraordinária. O Joselu também começou muito mal, não teve praticamente férias, mas acabou num grande nível. Nos momentos da decisão, o Brahimi foi um dos mais importantes.
Continua a encantar o povo?
—Sim, sim. Continua a ter aquele perfume muito próprio, diferente, com uma criatividade extraordinária e é muito apreciado no Catar.
É visto como um dos príncipes do Catar?
—Não sei, não ando atrás dele [risos].
O campeonato do Catar começa a ter qualidade e a ganhar expressão, ou está longe do da Arábia Saudita?
—O campeonato saudita são cinco equipas e há uma diferença muito grande em relação a tudo o resto. O crescimento das equipas da Arábia Saudita está a um nível muito idêntico ao que se faz na Europa, mas há uma enorme diferença, estruturalmente, entre os principais clubes sauditas e os restantes. No Catar é diferente. As equipas são muito mais competitivas, há necessidade de todas estarem munidas de bons jogadores, há um forte investimento em jogadores sub-21 em todos os plantéis. O Antero Henrique faz parte do Comité [diretor desportivo da “Qatar Stars League”], todos os clubes estão muito bem estruturados, com excelentes condições de trabalho e não é comparável com a Arábia Saudita.
O investimento também não é comparável?
—O investimento na Arábia Saudita é uma coisa extraordinária, superior ao dos principais clubes ingleses. Por isso, se investem dessa forma, têm os melhores jogadores. Por vezes, ouço vários analistas a dizer que o futebol é só na Europa e que algumas quintinhas é que valem... Dizem-no por desconhecerem uma realidade como os Emirados, o Catar e a Arábia Saudita, onde há equipas e jogadores de grande qualidade.