Declarações do treinador português do Botafogo após o triunfo por 1-0 sobre o PSG, na segunda jornada do Grupo B do Mundial de Clubes
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Subestima-se o futebol brasileiro? "Acho que se subestima um pouco do que é o futebol no Brasil e da qualidade do campeonato brasileiro. Só quem está lá e quem acompanha entende o quão difícil é jogar naquele campeonato. Jogas 10 partidas por mês, jogas de três em três dias... As equipas são boas, os jogadores brasileiros continuam muito bons, os treinadores são muito bons, os brasileiros e os que chegam tentam dar o seu melhor. E a realidade é que a competição no calendário é tão dura que te obriga, como treinador, a ter mil estratégias para gerir um grupo, a gerir o planeamento físico, técnico, tático e psicológico, para que jogues de três em três dias não podendo treinar. E esse é um problema muito grande, como já disse várias vezes. O maior problema do futebol brasileiro é que há pouco treino e mais jogo, e isso está ligado a não desenvolver melhor os jogadores, porque eles crescem a treinar, na minha opinião. Então, quem conhece e acompanha o campeonato brasileiro sabe que é um dos mais difíceis do mundo, um dos mais competitivos. O último vence o primeiro facilmente. São sempre cinco, seis, sete equipas a disputar o título. Como já disse, vais para a Taça Sul-Americana e para a Libertadores, e vês quem ganha nos últimos anos. Hoje o Ancelotti está na seleção, o que é, para mim, uma conquista extraordinária para o futebol brasileiro. Não acho que seja necessário que as quatro equipas [brasileiras] nesta competição sejam bem-sucedidas para dizerem: "Nossa, no fim de contas, o futebol brasileiro é de primeira linha". Eu não estou nem um pouco surpreendido com o que está a acontecer, nem um pouco. Então, não há escolha, não há vingança, não há injustiça. Vocês têm de chegar e dizer, senhores, que o futebol brasileiro tem muita qualidade, de toda a gente que trabalha lá. Jogadores, treinadores, toda a gente que trabalha no futebol brasileiro. Quem chega e começa a perceber, diz: "como é possível trabalhar com tanta dificuldade?". E isso torna-nos muito fortes, porque a facilidade não faz crescer, mas a dificuldade faz muito. Então, estamos lá para competir, vamos competir, e depois veremos como termina o campeonato."
Recuperação particular de Renato Paiva depois da passagem pelo México: "O menos importante sou eu. Este emblema e esta equipa são grandes demais para que eu possa falar sobre mim. Acho que os factos falam por si. Não há equipas que não tenham momentos maus, que não tenham uma partida menos boa, que não tenham uma situação como esta. Mesmo que o PSG perca hoje, não perde sua qualidade e sua grandeza como equipa. E naquele momento, eu também disse que algo aconteceu, mas tínhamos de seguir em frente e continuámos a fazer um ótimo trabalho no Toluca [no México]. Então, como digo sempre, acredito profundamente no meu trabalho, acredito profundamente na maneira como trabalho. Nem sempre vou ganhar, nem sempre vou avançar para os play-offs, mas, com o tempo, acredito sempre que estou certo, porque ganhar mais, ter momentos como estes, é isso que me dá vontade de trabalhar. Não é uma vitória do Renato. É uma vitória para o segurança que nos abre a porta de manhã no centro de treinos, para o homem que nos faz um check-up, para o homem que trata o campo, para os diretores, o nutricionista, os médicos, todos. O Botafogo é muito grande, mas é uma família, e isso une-nos e faz-nos trabalhar todos para o mesmo objetivo. Então é uma vitória para o Botafogo e para todas as pessoas que trabalham todos os dias para que este grupo de jogadores não tenha mais nada para fazer além de treinar e jogar. E isso é algo que já estava feito quando cheguei. Acabei de chegar e adaptei-me ao que estava lá. E, claro, dou a minha contribuição para que este trabalho continue tão bom quanto foi no último ano, especialmente."
Crescimento do Botafogo: "A fórmula é ter os 30 jogadores que eu tenho lá. Estrelas a todos os níveis: técnica, tática, emocional e psicologicamente. Eles são campeões e provam isso em campo. Eles não são apenas campeões, eles vencem. Este é o 13.º jogo consecutivo; desses, vencemos 10. Perdemos dois e empatámos um jogo competitivo com o Flamengo. Então, com 23 golos marcados e oito sofridos. Há muito trabalho envolvido, mas também há o meu trabalho e o da equipa técnica. Fazemos os jogadores acreditarem no nosso trabalho, acreditarem neles mesmos. O segredo é acreditar que é sempre possível, sempre, porque antes da bola começar a rolar, quem ganha sempre ganha no restaurante, ganha em casa, ganha na televisão, mas depois, em campo, são os que realmente ganham. Há muitas opiniões sobre muitas coisas. Hoje mesmo eu estava a assistir ao jogo do Seattle [Sounders] contra o Atlético de Madrid e pensei: "quando a equipa do Botafogo ganha, os outros são sempre maus, são sempre fracos. Não, não, eles não são bons". E hoje eu estava a ver o Seattle a dividir o jogo com o Atlético de Madrid, as suas oportunidades de fazer mais golos. Na primeira parte o Atlético de Madrid estava a ganhar por 1-0, o Seattle teve mais remates à baliza do que o Atlético de Madrid, do que nós na primeira parte, mas o que fica é que: "Não, o Botafogo venceu porque o Seattle é..."."
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