Botafogo, Cruzeiro, Coritiba e Vasco da Gama querem revolucionar o futebol no Brasil
Quatro clubes com gestão estrangeira fecharam acordo milionário para revolucionar o futebol do país. Botafogo, Cruzeiro, Coritiba e Vasco da Gama uniram-se para "impulsionar o Brasil como líder no futebol mundial." Ponto de partida é a venda independente dos direitos televisivos.
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Avizinha-se uma nova era no futebol brasileiro. Ou, pelo menos, assim o esperam os responsáveis de Botafogo, Cruzeiro, Coritiba e Vasco da Gama, os quatro clubes que se juntaram para "impulsionar o Brasil como líder global no futebol mundial", conforme se pode ler no comunicado emitido em conjunto.
O Grupo União, composto pelas quatro SAF (Sociedades Anónimas de Futebol) dos clubes citados, detidas maioritariamente por acionistas estrangeiros, cansou-se de esperar por novidades decorrentes das negociações entre a LIBRA (liga brasileira) e a LFF (Liga Forte Futebol, o primeiro grupo criado por clubes com o objetivo de criar uma nova liga), formalizando um acordo com o fundo de investimentos americano Serengeti e com a gestora de investimentos brasileira Life Capital Partners (LCP).
Neste acordo, é preconizada a venda dos direitos comerciais dos clubes do campeonato brasileiro por 50 anos, que pode atingir um valor global de cerca de 4,85 mil milhões de euros, com os investidores a receber, como contrapartida, 20 por cento das receitas futuras enquanto a sociedade existir.
As pretensões do quarteto passam, a médio prazo, pela criação de uma nova liga que modernize e "profissionalize" o futebol brasileiro, a exemplo do que acontece nos campeonatos europeus, desejando para isso poder contar com a adesão do maior número de clubes possível do primeiro e segundo escalões. "Convidamos todos os clubes a deixarem de lado as divergências históricas e trazerem suas melhores ideias para o centro connosco, em apoio aos princípios de evolução do futebol brasileiro", pode ler-se num comunicado do Cruzeiro, que tem Ronaldo Fenómeno como acionista maioritário.
"Se conseguir o Corinthians e o São Paulo... Estamos a conversar. Tenho conversas com a Leila [presidente do Palmeiras], com o Atlético [Mineiro]... Quero fazer um novo bloco, um bloco muito forte, e vamos negociar direitos", revelou o dono da raposa ao podcast "Mano a Mano". O primeiro passo para a criação deste novo grupo foi dado por John Textor em junho, quando o dono do Botafogo anunciou a intenção de deixar a LIBRA e proceder à venda dos direitos de transmissão do clube de forma independente.
Em termos práticos, o "Grupo União" advoga várias ideias concretas para a reformulação do futebol brasileiro, desde logo na forma como o mesmo irá ser dirigido: passará a ser exclusivamente responsabilidade dos clubes, estando todos representados no Conselho de Administração. Está projetada também a implementação de um sistema de fair-play financeiro, bem como o estabelecimento de padrões mínimos para instalações e superfícies de jogo, visando atingir a paridade com os mais altos padrões do futebol mundial, e o desenvolvimento de tecnologias mais avançadas, tendo em vista "posicionar o Brasil como líder mundial em qualidade da experiência televisiva e eficiência na distribuição global de conteúdo", além da proposta de despromoção de três equipas por época, em vez das atuais quatro.