Bissap, gnamankoudji e attieke: guerra de sabores no Leixões pela vitória na CAN
Zag dá a voz por três marfinenses, Godwin por cinco nigerianos...o primeiro tem um restaurante no Porto onde tentará juntar estes adeptos especiais atentos à decisão sobre o novo campeão africano. Há comida da Costa do Marfim e Nigéria para acompanhar qualquer festejo
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No plantel do Leixões a final do CAN será todo um acontecimento, a prova motivou falatório e bocas, mudou estados de espírito, a ânsia de uma vitória espalha-se entre a equipa principal e a secundária num total de oito jogadores, cinco afetos às Super Águias e outros três aos elefantes de Abidjan, num cenário atípico que faz da competição africana uma festa colorida no balneário dos homens do Mar.
Tal como a Costa do Marfim é anfitrião desta edição, Zag será o anfitrião das manifestações apaixonadas dos compatriotas Badra e Mozino, bem como dos nigerianos Godwin, Iroanya, Moshood, Idache e Adeniyi, prometendo a todos ter o restaurante Douahou aberto este domingo, extraordinariamente, para a grande final. "Projeto um jogo fechado, entre duas equipas que se encontraram na fase de grupos. Já aí foi fechado, a Nigéria venceu mas atuando em contra-ataque...Quem marcar primeiro ficará em ótimas condições de ser o vencedor", relata Zag, médio de 33 anos, ciente dos méritos que suportam a candidatura das Super Águias ao quarto troféu no continente africano, com a aspiração de três da sua Costa do Marfim.
"Eles têm o melhor africano do momento, o Osimhen é muito forte e nunca facilita nas bolas que disputa, corre o jogo todo pelo campo todo e tem Lookman ao seu lado, a fazer uma grande prova. Gosto muito do lateral Aina, muito ofensivo. A Costa do Marfim vem de um milagre, ninguém acreditava depois da nossa goleada sofrida com a Guiné-Equatorial, a seleção foi muito criticada. A partir do jogo com Marrocos passaram a jogar bem, estão mais confiantes e surtiram efeito as mudanças do novo treinador, pois estabilizou a equipa", atirou, elogiando Haller, Kessie, Gradel, Seri e Fofafa e identificando Nidcka como o "melhor central da competição".
O nigeriano Godwin também se pronuncia. "Costuma dar-se a vantagem do fator casa e dos adeptos mas conseguimos vencê-los na fase de grupos. Foi um jogo difícil. A Costa do Marfim chegou a esta final de forma milagrosa mas também foi fruto de muito trabalho. Mas nós estamos invictos e só consentimos dois golos. Vejo um bom elenco do lado contrário mas o nosso tem nível mais alto, incluindo o melhor avançado da prova, a melhor defesa e o melhor guarda-redes", sustentou o lateral, de 22 anos, que passou pela Lituânia e Bélgica antes de rumar a Matosinhos. "Sempre acreditei que a Nigéria ia longe, avisei o Zag e os restantes da Costa do Marfim. Eles até torceram por Angola contra nós", gracejou Bright Godwin.
Zag, o mais experiente deste lote, retorque. "No Leixões fui muito gozado quando fomos goleados pela Guiné-Equatorial, no treino seguinte deram-nos como eliminados, que tudo tinha acabado para nós, como era possível o organizador sair na fase de grupos. Já eles, é certo, estiveram sempre animados com a campanha da Nigéria, fizeram boa fase de grupos e nunca perderam. Viveram a competição de forma mais tranquila", observou Zag, fã de Zokora, campeão africano em 2015. "Não me lembro de 1992 mas em 2015 foi decisivo o nosso guarda-redes Barry, que defendeu e marcou o último penálti", lembrou Zag, recuando a uma conquista marfinense que teve presente Gradel, a fazer hoje o sétimo CAN, já com um total de 27 jogos. Ídolos também os tem Godwin. "A Nigéria tem sido uma das melhores seleções de África e produzido muitos jogadores, lendas como Okocha, Kanu, Enyeama, Yobo, Obi Mikel ou Musa. Para não mencionar mais...", atestou o defesa, idealizando um menu no restaurante do amigo Zag, em caso de conquista das Super Águias.
"Imagino-me feliz à mesa com uma sopa Egusi, inhame triturado e fufu. E se ainda tiver espaço um arroz Jollof bem quente", assinalou Godwin. Zag antecipa as consequências festivas de um triunfo local, da Costa do Marfim. "O menu perfeito seria attieke com peixe, que é muito bom e todos os marfinenses adoram esse prato. Também pode ser acompanhado de banana frita. Não acredito que a Nigéria ganhe mas com eles combina o arroz Jollof, que é um arroz vermelho acompanhado de frango", explicou, sugerindo um bissap (sumo de hibisco) e um gnamankoudji (bebida de gengibre) para ajudar na degustação dos sabores de África e de uma efusiva celebração.