"Benfica, Sporting e FC Porto são grandes clubes, mas o Flamengo tem 50 milhões de adeptos"
Jorge Jesus, treinador do Al Nassr, participou esta quinta-feira no Portugal Football Summit
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A Taça Libertadores, pelo Flamengo, foi o título mais especial da sua carreira? "A Libertadores foi o título que mais felicidade me deu, e que mais marcou a minha carreira. Aos 89", perdíamos por 1-0, depois o Gabigol [Gabriel Barbosa] marca dois golos, e o Flamengo ganha. A emoção dos adeptos do Flamengo, que ocupavam 70% do estádio... era um sonho para eles, não ganhavam a Libertadores há mais de vinte anos, desde o tempo do Zico. Foi uma vitória marcante, pelo momento, e porque a Libertadores, na América Latina, é como a Liga dos Campeões, na Europa. Na Europa, ganhar a Champions dá uma divulgação maior em todo o mundo, mas, nestes países, a Libertadores é muito importante, e ainda mais para o Flamengo. O Benfica, o Sporting e o FC Porto são grandes clubes, mas o Flamengo tem 50 milhões de adeptos, é o clube com mais adeptos do mundo."
Continua a seguir a liga portuguesa, e a Seleção Nacional? Como vê a evolução do futebol português? "Olho muito positivamente. Sempre tivemos uma qualidade muito grande no futebol, somos muito criadores de jogadores, treinadores e dirigentes, e até no recrutamento de jogadores. Agora já não é tanto assim, mas, há quinze anos atrás, recrutávamos jogadores na Argentina e no Brasil. Eles traziam uma qualidade de jogo que fazia com que os clubes se sustentassem financeiramente, além da qualidade de jogo que traziam. Tínhamos essa criatividade de descobrir, como os nossos antepassados Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral. Tenho um grande orgulho em ser português. Representa o que somos no futebol, uns criadores. Este evento é um marco importante, nós, portugueses, vamos à frente. O futebol é a atividade que mais exportamos, e na qual mais capacidade temos de mostrar o nosso valor. O português é um criador, e vai continuar a ser."
Até quando gostaria de treinar? Pensa em voltar a Portugal? "Fernando Vaz e Manuel Oliveira, que foram meus treinadores, estão à minha frente, mas já não estão cá, por isso, tenho uma chance. Faltam-me entre 20 e 30 jogos, ainda tenho de fazer uma época em Portugal. A nossa profissão de treinador é muito volátil, nunca sabemos o que pode acontecer no dia seguinte. Isto muda com muita facilidade, um treinador só consegue sobreviver com a vitória. Gostava [de voltar], mas sinto-me bem aqui. A Amália disse, uma vez, "vou cantar até a voz doer". Eu vou treinar até o corpo me doer. Onde quer que estejas, uma equipa tem como objetivo ganhar, a pressão faz parte do treinador, e de mim, já não sei estar no futebol sem pressão. É isso que vamos continuar a fazer. Começámos bem, vamos na quinta jornada do campeonato, com jogos da Liga dos Campeões Asiática, e só sabemos o que é ganhar. Mas isto não é como começa, é como acaba..."