Justiça italiana fechou a fase de inquérito e há cinco pessoas indiciadas por fraude, entre as quais uma advogada da Juventus. A defesa tem agora 20 dias para contestar as conclusões apuradas
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A fase de inquérito ao falso exame de italiano feito em setembro por Luis Suárez, que na altura tentava garantir cidadania e assim transferir-se para a Juventus sem preencher uma vaga de estrangeiro, está encerrada e, soube-se ontem, há cinco pessoas indiciadas por fraude: quatro ligadas à Universidade de Perugia, entre diretores e professores, e ainda uma advogada da Juventus.
Segundo a acusação, além de ter sido facultado ao jogador um guião das respostas para que pudesse ser bem-sucedido na prova, foi ainda criada uma data extra especial de exame que o beneficiou, sob o falso pretexto de razões logísticas e de segurança, inclusive com a covid-19 a servir de argumento. Adicionalmente, a instituição garantiria, ao que se suspeita, um acordo com a Juve para futura colaboração nas aulas de italiano para jogadores estrangeiros de todas as camadas do clube.
Antes de assinar pelo Atlético de Madrid, Suárez esteve em contactos com a Juve
Os cinco visados - dois professores, a diretora geral, a ex-reitora da Universidade de Perugia para estrangeiros e a tal advogada da Juve - têm agora 20 dias para contestar as conclusões do inquérito que se tornou num gigantesco embaraço.
O caso é simples de contar. Descartado pelo Barcelona no último defeso, Luís Suárez foi sondado pela Juventus. O projeto agradava-lhe, mas havia um problema: a "vecchia signora" não tinha vagas para extracomunitários e o uruguaio teria de candidatar-se à cidadania italiana. Um dos requisitos indispensáveis no processo, que passa também por ter raízes familiares que o permitam, é fazer prova de domínio básico da língua. O exame é por isso obrigatório e Luis Suárez terá recebido por antecipação um PDF com as instruções que teria de seguir. Ou seja, teve direito a uma cábula para ser bem sucedido nas perguntas.
O esquema foi descoberto, a transferência para Turim gorou-se e o avançado acabaria por trocar o Barcelona pelo Atlético de Madrid. Não escapou, ainda assim, a ter de responder à justiça italiana neste inquérito, embora não faça parte dos indiciados no processo.