Barcelona inspira-se na "remontada" épica de 2017: "Notámos o medo do PSG"
Em 2017, o Barcelona recuperou de uma goleada por 0-4 sofrida no Parque dos Príncipes e passou às meias-finais da Liga dos Campeões com uma recuperação épica em Camp Nou, que incluiu dois golos na compensação dos 90'
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Sete anos depois de ter operado uma “remontada” épica frente ao PSG nos quartos de final da Liga dos Campeões, o Barcelona vai reencontrar o campeão francês na mesma fase da prova, tendo o regresso ao Parque dos Príncipes marcado para esta quarta-feira (20h00).
Nesse âmbito, o jornal Marca contactou Ivan Rakitic, médio croata que representa atualmente os sauditas do Al Shabab, treinados pelo português Vítor Pereira, e que jogou pelo emblema “blaugrana” em ambas as mãos dessa inesquecível eliminatória de 2017.
Tudo começou com uma derrota pesada do Barcelona na primeira mão, em Paris (0-4), que deixou a equipa com o orgulho ferido e uma vontade imensa de se redimir, segundo explicou Rakitic.
“Havia um ambiente único depois do mau jogo que fizemos em Paris. Para a segunda mão havia uma ambição tremenda. Queríamos demonstrar ao mundo que o sucedeu em Paris foi um acidente, que a equipa era capaz de levantá-la [a Liga dos Campeões] e que estamos encarregues disso”, lembrou.
Josep María Bartomeu, então presidente do gigante catalão, salientou ainda a importância da visita de figuras do futebol americano ao Barça nos dias que antecederam o jogo da segunda mão, em Camp Nou.
“Era muito importante que houvesse três semanas entre os dois jogos. Isso permitiu-nos preparar a consciência. Falaram muito com os jogadores e lembro-me que trouxeram um par de jogadores de futebol americano, que tinham vencido alguns jogos com ‘remontadas’ brilhantes e que tinham vencido o Super Bowl. Estavam na Europa e aproveitámos para que viessem falar com os jogadores”, revelou.
“Nos dias anteriores [ao jogo da segunda mão], nos treinos já havia uma tensão muito grande, porque havia muita ambição de ganhar aquele jogo. Nesses dias e também no aquecimento recordo-me que havia fogo nos nossos olhos. Começou a haver uma convicção profunda de que passaríamos [a eliminatória]”, prosseguiu.
Um pressentimento que não podia ter estado mais correto, já que o Barcelona anulou a vantagem do PSG com uma vitória dramática por 6-1 na Catalunha, que incluiu três golos nos minutos finais.
“Na refeição prévia [a essa partida], comecei a ver Nasser [Al-Khelaifi, dono do PSG] e os seus diretores com medo. Continuavam a dizer que nós éramos os favoritos! À saída disse aos meus dirigentes: ‘Rapazes, vi-os cheios de medo, creio que vamos ganhar’, porque essa desconfiança na liderança transmitia-se aos jogadores”, contou Bartomeu, num discurso complementado por Rakitic: “No final, notámos no medo dos adversários e recuperámos. Nem no melhor guião de um filme de Hollywood...”.
“Nasser via-se como vencedor e a faltarem cinco minutos, com um 3-1 no marcador, saiu da bancada. Não gostei desse detalhe, ele queria esperar pelos futebolistas no campo. [Os jogadores do Barcelona] nem me pediram um bónus pela passagem, sabiam que era o que eles que tinham de fazer. A única coisa má desse jogo foi o começo do fim do tridente [Messi, Neymar e Suárez], porque Neymar saiu no verão. E também porque com esse triunfo já nos achávamos campeões da Europa e pagámos por isso com a Juventus [venceu por 3-0 em agregado nas meias-finais]”, concluiu o ex-presidente.
