Avram Grant, ex-treinador do Chelsea, é alvo de acusações de assédio sexual
Queixosas denotam que o dito comportamento do israelita era "um segredo aberto" no seio do futebol. FIFA anunciou a abertura de um processo de investigação às denúncias
Corpo do artigo
Sucessor de José Mourinho, em 2007, no comando técnico dos ingleses do Chelsea, Avram Grant, também ex-selecionador de Israel, é acusado de ter assediado sexualmente várias mulheres - modelos, jornalistas e outras pessoas anónimas.
Estas queixosas, cujas alegadas histórias de assédio foram divulgadas no "Channel 12" israelita, referem que o técnico, atualmente com 66 anos, tirava proveito do estatuto e poder para proceder à tentativa de relações sexuais. Em troca, acusam, Avram Grant fazia promessas de melhorias nas respetivas carreiras profissionais.
Uma das potenciais vítimas, de identidades anónimas, relatou que, em junho de 2020, foi convidada pelo treinador para se deslocar ao apartamento onde este vivia para discutir uma hipótese de emprego. Todavia, Grant tinha outra intenção. "Disse-me para ficar confortável e tirar a roupa. Pensei que era brincadeira. Estava sentada longe dele, na ponta do sofá. Disse-me para me aproximar e tentou abraçar-me. Agarrou-me mesmo e não me largava", afirmou a jovem israelita, que tinha, à época, 22 anos. "Senti-me desconfortável. Ele pôs a mão na minha perna e afastei-a imediatamente. Depois de alguns segundos de conversa, agarrou-me pelo pescoço, como se estivesse a sufocar-me, virou a minha cabeça para ele e tentou beijar-me à força", acrescentou.
Esta queixosa, ao ser-lhe recusada a saída do apartamento de Grant, foi pressionada a dormir no local. "Não tive coragem de lhe dizer que não", justificada, tendo dormido num quarto de hóspedes. Assim que acordou, no dia seguinte, o técnico israelita "estava na mesma divisão [do apartamento] com o pénis exposto".
A mulher revela que confrontou Grant, semanas depois, com o sucedido, tendo o treinador recusado a justificar, assim interpretou, "uma noite consensual", dando a entender que foi um comportamento repetido. "Não discuto os meus assuntos privados com ninguém. Nem o que fiz contigo nem o que faço com outras pessoas", afirma o treinador israelita, em áudios divulgados na reportagem divulgada pelo "Channel 12".
As vítimas reiteram que, além de perderem acesso profissional a Grant, ao negarem os intentos do técnico, o dito comportamento do israelita era "segredo aberto" no seio do futebol. Face às acusações, Avram Grant, em comunicado emitido esta terça-feira, rejeitou ter praticado assédio sexual e apresentou um pedido desculpas "a todos que se sentiram desconfortáveis ou magoados".
"Sou uma pessoa de pessoas, um homem de amizades. E ao longo dos anos mantive amizades com mulheres. Em todas essas relações, tentei sempre tratá-las com respeito e amizade e nunca tive a intenção de me comportar de forma injusta ou de magoar qualquer mulher de forma alguma. A todos os que sentiram desconfortáveis ou magoados, apresento o meu arrependimento e as minhas desculpas do fundo do meu coração", afirmou o israelita.
Entretanto, a FIFA anunciou a abertura de um processo de investigação às alegações feitas contra o treinador de 66 anos, atualmente a orientar os NorthEast United.
"Dada a natureza das acusações que foram feitas, o Comité de Ética da FIFA vai olhar para o assunto. Quando se trata de má conduta e abuso no futebol, gostaríamos de reiterar que a FIFA aborda de forma muito séria quaisquer alegações que sejam feitas", referiu o organismo, à "Associated Press".