"Assinei em setembro e o primeiro salário completo que recebi foi em fevereiro"
Vitó teve uma má experiência nos romenos do Gloria Buzau e o processo segue para a FIFA por incumprimento salarial
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Vitó teve uma experiência para esquecer na Roménia ao serviço do Gloria Buzau. O médio de 27 anos teve de rescindir o contrato mais cedo, numa altura em que a equipa já estava a caminho da II Divisão, mas o clube não está a cumprir e o processo vai acabar na FIFA. Isto numa época marcada por muitos problemas financeiros, com atrasos sucessivos.
Já terminou o contrato com o Gloria Buzau?
—Sim, sim, o contrato terminava no final da época e acabou por terminar mais cedo. Aconteceu comigo e com os restantes estrangeiros por várias situações que aconteceram no clube. Mas o objetivo também era sair no final da época.
O contrato terminou mais cedo porquê?
—Terminou porque o clube estava muito instável, tanto financeiramente como a nível desportivo, e chegou um ponto em que as chances de a equipa alcançar a permanência na I Divisão eram mínimas e “sobrou” para os jogadores estrangeiros. A culpa do que se estava a passar no clube foi nossa... Tendo em conta as muitas dificuldades financeiras e a descida, o clube nem conseguiu inscrever-se na II Divisão e deve avançar com o processo de insolvência. Foi como uma bola de neve por causa das dívidas financeiras.
Ficou com salários em atraso?
—Quando isso aconteceu [rescisão] estávamos com três meses de salários em atraso. Depois tentaram pagar o que estava para trás, cheguei a acordo para a rescisão, mas já falharam o pagamento e já vai ter de entrar o processo na FIFA. Mas isto foi uma constante ao longo da época. Assinei em final de setembro, cheguei ao clube no início de outubro e o primeiro salário completo que recebi foi em finais de fevereiro. Ia recebendo algumas parcelas do salário. Era muito complicado ter estabilidade.
Está arrependido de ter ido para a Roménia?
—Não diria arrependido, porque foi uma experiência que me fez crescer noutras coisas e tive noção daquilo que se passava no estrangeiro. Em Portugal os salários também podem atrasar, mas estamos habituados a uma organização. Lá encaravam estes atrasos nos pagamentos de ânimo leve, como se fosse algo normal. Era algo do género, “se ganhares, recebes o salário, se não ganhares ou as coisas estiverem a correr mal, atrasamos mais um ou dois meses porque vocês merecem que se atrase”. Fez-me perceber que todos os passos têm de ser dados de uma forma bem pensada. Até podia ter corrido bem, mas não correu. Não me arrependo, porque serviu para muita coisa, mas foi a primeira época que coletivamente não cumpri os objetivos, seja permanência num escalão ou subida de divisão. Foi um momento menos bom e há que analisar para não cometer os mesmos erros.
Já sabe onde vai jogar nesta nova época?
—Tive abordagens de clubes portugueses e estrangeiros, mas ainda nada de concreto.
“Objetivo é voltar à I Liga”
Vitó jogou na I Liga pelo Estrela da Amadora e pelo Casa Pia e acredita que pode repetir a experiência.
Sente que ainda tem espaço para voltar à I Liga?
—Sim, é um objetivo que tenho. Já consegui duas subidas de divisão [Casa Pia e Estrela da Amadora], fiz alguns jogos na I Liga e acredito que posso voltar. Tenho 27 anos e ainda tenho tempo. Já dei provas em Portugal da minha competência.
Que recordações tem da passagem pela I Liga?
—Estreei-me no Rio Ave, ainda novo, e não joguei muito, mas cresci só de treinar com bons plantéis. Depois subi com o Casa Pia e fiz alguns jogos na I Liga, tal como aconteceu no Estrela da Amadora. Chegar a esse patamar era um objetivo que tinha e que cumpri.