Artur Jorge: "Não é possível competir ao mais alto nível de três em dias"
Treinador português visou o calendário do futebol brasileiro após ter precisado de uma reviravolta para vencer o Bragantino, de Pedro Caixinha
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O Botafogo, treinado por Artur Jorge, venceu na madrugada desta quinta-feira o Bragantino, de Pedro Caixinha, em casa, por 2-1, num duelo de técnicos portugueses referente à 12.ª jornada do Brasileirão.
No final da partida, em que o ex-Estoril e FC Porto Carlos Eduardo bisou (21’ e 53’), com ambos os golos a terem sido assistidos pelo Ex-Nacional, V. Guimarães e FC Porto Tiquinho Soares, o timoneiro do “Fogão” destacou a capacidade da sua equipa para operar uma reviravolta, em resposta ao golo inaugural do ex-Estoril e V. Guimarães Lucas Evangelista (7’).
“A importância de hoje tem muito a ver com aquilo que foi a vitória, com os três pontos que procurámos desde o início e soubemos conquistar. Um jogo muito difícil, frente a um rival de muita qualidade. Foi um jogo muito equilibrado nas duas partes. Tivemos na frente dois homens muito importantes para nós, Eduardo e Tiquinho, que têm muita qualidade e trabalharam muito para a equipa. Destaque naturalmente para o Carlos Eduardo que fez os dois golos e um jogo pleno dentro daquilo que pedimos hoje”, elogiou.
Ainda assim, Artur Jorge não deixou de refletir sobre o impacto que o pesado calendário do futebol brasileiro tem na capacidade de as equipas estarem a um bom nível regularmente, defendendo a importância de um plantel extenso e de qualidade para lidar com essa situação.
“Essa questão do calendário não é nova. Sabemos que essas são as regras do jogo e são muito parecidas ou iguais para todos. [Temos] Semanas com quatro dias [de descanso], outras com três. Isso torna as coisas muito difíceis para os atletas, porque, nós, treinadores, exigimos deles. Os adeptos exigem deles, a imprensa exige deles e não é possível competir no mais alto nível de três em três dias. Humanamente, não é possível. Por mais recuperação que se possa fazer, não se consegue ter o mesmo nível de performance”, explicou.
“Quando eu ainda não estava aqui no Brasil, ouvia essa expressão: ‘Aqueles que conseguem ganhar é quem tem o melhor plantel, não a melhor equipa". De facto, faz muita falta isso: podermos manter consistência na equipa mudando três ou quatro peças. A energia dos jogadores e a capacidade de desempenho não é igual, jogando a uma quarta e a um sábado recorrentemente. Isso não acontece durante 20 dias. Não, isto acontece todos os meses”, reforçou, em jeito de conclusão.
Com esta vitória, o Botafogo igualou os 23 pontos do Palmeiras, de Abel Ferreira, que perdeu na visita ao Fortaleza (0-3) e segue na quarta posição do Brasilerão, logo atrás da equipa de Artur Jorge, estando ambas a um ponto da dupla de líderes formada pelo Bahia e Flamengo.