Declarações de Artur Jorge, treinador do Botafogo, após o empate 2-2 com o Palmeiras, na segunda mão dos oitavos de final da Taça Libertadores, e consequente apuramento para os "quartos" da competição, beneficiando do triunfo por 2-1 do primeiro jogo
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Final de loucos, com o Palmeiras muito perto da reviravolta depois do Botafogo estar a vencer 2-0: "Tínhamos um rival de grande qualidade, como esta parte final demonstra o espírito da equipa. Nos dois jogos, fomos superiores. Não só em casa, aqui também. Fizemos uma primeira parte muito boa, muito sólida. Na segunda fomos eficazes no que criámos e tivemos oportunidade de fazer mais golos. E estes últimos cinco minutos loucos, que nos tiraram a possibilidade de vencer as duas partidas, que era o que queríamos. Ainda aborrecidos, porque vínhamos para ganhar e era isso que queríamos. Fomos capazes de conservar o empate, que nos permitiu seguir na competição como queríamos. Cobramos uns aos outros porque temos exigência máxima. Isto não pode acontecer. Temos que nos cobrar. Eu, enquanto treinador, pergunto-me o que fiz de errado para que isto acontecesse."
Trauma de 2023? "Não vamos falar sobre isso. Vamos falar de 2024. O que posso dizer é que pensamos naquilo que é o hoje, um jogo em que precisaríamos de estar preparados para competir. Não deixámos ninguém desiludido com o que prometemos. Dissemos sempre que viríamos para jogar o jogo, para ganhar. Sabendo que a vantagem que trazíamos do Rio era importante, mas não suficiente para relaxarmos no jogo que teríamos. Essa foi a atitude que tivemos, que valoriza ainda mais o que conseguimos. Estamos todos no Botafogo de parabéns pelo que fizemos, a forma como conseguimos superar este rival para seguir em frente numa competição muito especial para nós. Demos mais um passo à frente no nosso crescimento não só como equipa, mas também enquanto clube."
Como equilibrar Brasileirão e Taça Libertadores? "Estamos em duas competições importantes, muito bem posicionados em qualquer uma delas. Mas ainda estamos com muitos jogos pela frente, mais 15 [no campeonato brasileiro] e mais cinco no que pode ser chegar à final da Libertadores. Vamos, como tem sido hábito nosso, olhar para isso de uma forma muito serena, porque hoje passámos por mais uma eliminatória. Temos que rapidamente virar o foco para o Brasileirão, porque muito em breve teremos o Bahia para enfrentar. Não podemos baixar a guarda naquilo que nós precisamos. E nos jogadores dentro de campo, há aspetos a melhorar. Fizemos um feito importante para nós, mas há margem para melhorar. Nesta altura, temos muita coisa para fazer, muito a disputar, muitas batalhas pela frente. Este é o caminho. Vamos seguir, tentar fazer o melhor em cada um deles. No final, veremos onde somos capazes de chegar."
Tem explicação para a reta final do jogo? "Não. Acho que teve mais a ver, ainda numa análise muito fria, com a dificuldade em controlar o que foi o jogo direto do adversário e os encurtamentos dos atacantes. Recuámos demais a nossa linha para permitir que a bola chegasse diretamente à nossa área. De uma forma geral, acho que isso aconteceu com alguma regularidade. Mas lembro que o resultado de 2-2 nos serviu, se o Palmeiras tivesse feito aquele golo [golo anulado de Gustavo Gómez, aos 90'+7'], iria para as grandes penalidades. Não mudaria nada em relação ao que era o jogo, ao menos não nos afastava de rigorosamente nada. Mas temos que pensar que isso não pode acontecer. É alta competição. Acontece aqui, acontece na Champions, em qualquer outro campeonato. Temos de estar preparados e precavidos para que não nos aconteça. Tivemos um exemplo de que às vezes, por cinco minutos, deitamos por terra tudo que é um esforço de 180 minutos."
Título para o jogo: "Vou citar um escritor português [n.d.r.: Pedro Abrunhosa, cantor, na música "Ilumina-me"]. Ilumina-me enquanto não houver amanhã. Hoje fomos iluminados e conseguimos fazer o suficiente para vencer esta eliminatória."