ENTREVISTA, PARTE III - Artur Jorge não esconde a mágoa pela forma como saiu dos minhotos após a conquista da Taça da Liga, dizendo que foi esquecido. Pouco depois de deixar o Braga para assinar pelo Botafogo, disse estar “desiludido” pela forma como saiu dos guerreiros do Minho, clube no qual esteve duas décadas.
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O técnico não descarta uma renovação e sublinha que ninguém conseguirá apagar a história que traçou em Braga.
Chegou ao Botafogo depois de um ano marcado pela perda do título. Como é que se recupera a confiança do plantel?
- O contexto é diferente, porque não passei essa experiência, muitos jogadores que aqui estão também não. Mas conseguimos perceber o peso que eles carregavam. A fórmula que usámos foi blindar o grupo de trabalho, aceitar carregar esse peso e dividi-lo por todos. Esse peso é meu também. Foi dividi-lo por todos e fazer um caminho que queremos que termine o mais alto possível. E, quando estivermos no alto e conquistarmos o título de 2024, podemos, aí sim, libertar todo o peso que acabamos por carregar ao longo desta temporada, de uma forma corajosa, unida, solidária e determinada para que nada fosse igual. Sabíamos que não poderíamos mudar o passado, mas que podíamos fazer parte de uma nova página.
Pensa em renovar?
-Tenho contrato até dezembro de 2025. Vamos ver. A verdade é que temos todos objetivos, temos também valorização com resultados, há muitas possibilidades nesta altura em cima da mesa. Temos de aguardar pelo fim para poder ver quais as melhores soluções para todos. Uma coisa será segura: estarei sempre onde me quiserem bem, onde possa identificar-me com o projeto e poder estar feliz a fazer o que mais gosto.
Pouco depois de assinar pelo Botafogo, admitiu que estava triste e desiludido pela forma como saiu do Braga. Já fez as pazes com isso?
-[Pausa] Não. Não, porque fui tratado de uma forma injusta. Fui lembrado quando ganhei este troféu, mas fui esquecido quando saí, depois de 20 anos ao serviço do clube, também depois de ganhar um troféu [Taça da Liga].
Sente que, de certa forma, se esqueceram do seu percurso?
-[Pausa] Por quem o quis esquecer, pode ter esquecido. Eu não me esqueci e sei que muitos que gostam do Braga não esqueceram. Portanto, o Braga continua a ser o meu clube, eu não me esqueço do que lá vivi. Não há ninguém que vai apagar a história que deixei ficar no clube.
Ir para o Brasil fazia parte dos planos profissionais?
-Não era uma meta, foi uma oportunidade que surgiu. Em boa hora apareceu e aceitei. Foi uma oportunidade tremenda, que me fez crescer, evoluir e viver um futebol de paixão.