Armando Evangelista sobre Otávio: "A maior recompensa é ter contribuído..."
Antigo treinador do Famalicão treinou o ex-FC Porto, atualmente no Al Nassr, na sua passagem pelo Vitória de Guimarães e acompanha com orgulho o seu desenvolvimento desde aí
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Sem clube desde que deixou o comando técnico do Famalicão, em dezembro, Armando Evangelista falou esta sexta-feira sobre a evolução de Otávio, internacional português que joga no Al Nassr, de Cristiano Ronaldo, da Arábia Saudita, e que treinou em 2015/16, na sua passagem pelo V. Guimarães.
Em declarações ao jornal saudita “Al-Eqtisadiah”, o técnico português admitiu orgulho por ter contribuído para o desenvolvimento do antigo médio-ofensivo do FC Porto, que rumou ao Médio Oriente em 2023, por 60 milhões de euros, quando era um “jovem desconhecido” de 20 anos.
“Otávio teve uma carreira fantástica em Portugal, graças ao seu papel no FC Porto e na Seleção, e por isso o Al Nassr quis contratá-lo. A maior recompensa para mim é ter contribuído para o seu desenvolvimento. Quando o treinei, era ainda um jovem desconhecido, sem o destaque e brilho que tem hoje. Acompanho a sua carreira com muito orgulho e alegria, tal como faço com outros jogadores que treinei. Ao longo da minha carreira como treinador, ajudei a descobrir e desenvolver muitos jogadores e estrelas. Por exemplo, quando estava no Vitória de Guimarães, o Ricardo Pereira transferiu-se para o FC Porto por 1,6 milhões de euros e depois foi para o Leicester; o Paulo Oliveira foi para o Sporting por 1,8 milhões de euros; o Hernâni para o FC Porto por 2,9 milhões; e o Bernard Mensah para o Atlético de Madrid por 11 milhões de euros”, enumerou.
O ex-treinador do Arouca também destacou os talentos que conseguiu rentabilizar nesse clube entre 2020 e 2023, antes de uma mudança para o Goiás, do Brasil.
“Já na minha passagem pelo Arouca, o Antony Alves foi vendido ao Portland Timbers por 3 milhões de euros; João Basso ao Santos por 2,5 milhões; André Silva ao Vitória de Guimarães por 3,5 milhões; Rafa Mújica ao Al Sadd do Catar por 10 milhões; Abouko ao Başaksehir por 2 milhões; e André Bukia ao Al Fateh da Arábia Saudita por 700 mil euros”, detalhou, acrescentando: “Na minha experiência mais recente com o Famalicão, o Zaydou foi para o Al Fateh por seis milhões de euros; Francisco Moura para o FC Porto por cinco milhões; Luís Júnior para o Villarreal por 12 milhões; Jhonder Cádiz para o León do México por três milhões; e Puma Rodríguez para o Estrela Vermelha por dois milhões de euros.”
Na mesma entrevista, Evangelista também explicou a forma como encara o mundo do futebol e deu a sua opinião sobre a qualidade do campeonato saudita.
“Como treinador, esforço-me para ser o melhor nos aspetos técnicos, mas nunca ignoro o lado financeiro. O futebol é uma arte, mas também um grande negócio. Com conhecimento técnico, tático, físico, mental e uma perspetiva financeira apurada, conseguimos gerar vendas e desenvolver carreiras. Ao longo do meu percurso, vivi muitas situações em que os clubes, por dificuldades financeiras, tiveram de vender jogadores importantes. Nesses momentos, é essencial saber descobrir e desenvolver novos talentos”, vincou.
“Esta liga atraiu uma elite de jogadores e treinadores, e naturalmente todos queremos estar entre os melhores. Ver o crescimento da liga saudita desperta em mim um grande desejo de participar e contribuir para o seu desenvolvimento. Houve contactos recentemente, mas ainda não se reuniram as condições necessárias”, rematou, mostrando-se aberto a treinar neste país no futuro.