Ex-Manchester United recorda uma festa "estragada" por Ferguson: "O 'boss' apareceu..."
O então treinador escocês da equipa do clube de Old Trafford apareceu de surpresa para expulsar os convidados presentes em casa do antigo avançado Lee Sharpe
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Manchester, inícios da década de 90. Lee Sharpe, à época internacional inglês e avançado do Manchester United, treinado pelo carismático Alex Ferguson, encontrava-se em casa, na companhia de Ryan Giggs e alguns jovens jogadores do clube.
Preparavam-se todos, entre mudanças de roupa e consumo prévio de álcool, para prolongar a diversão noturna numa zona de bares em Stockport, pelo que aguardavam a chegada de um táxi para os transportar. A campainha de Lee Sharpe toca.
Expectante em ver um rosto desconhecido, no caso de um mero taxista, o antigo futebolista britânico abre a porta e, por ela, irrompe, para estupefação generalizada, um zangado Alex Ferguson, obstinado em impedir a festa dos seus pupilos.
Ato contínuo, o célebre e retirado técnico escocês desatou a dar ordens de expulsão dos "convidados" da casa de Lee Sharpe, de forma a regressarem aos respetivos domicílios. 'Fergie' pretendia que todos recarregassem baterias.
O objetivo foi conseguido e a saída até Stockport não aconteceu. O táxi terá surgido à porta do antigo jogador, mas em vão. "Eles foram expulsos da minha casa. Não era suposto haver festa, mas o Giggs e alguns rapazes apareceram. Depois o 'boss' veio por estarmos todos lá. Ele não estava satisfeito. Mandou toda a gente embora e eu fui para a cama cedo [risos]", recordou Lee Sharpe.
O episódio da "house party" de Lee Sharp e companhia foi recentemente reavivada pelo próprio ao Manchester Evening News para exemplificar a exigência profissional de Alex Ferguson, que tornou os red devils, sobretudo a partir de 1992, numa força europeia.
"Ele estava sempre a tentar obter o melhor de todos. Era um workaholic [pessoa obcecada por trabalho], sempre a tentar descobrir mais sobre a outra equipa e como vencê-los", refere Lee Sharp, que vestiu a camisola do Man. United entre 1998 e 1996.
Na mesma entrevista, o antigo avançado inglês, conhecido pela vida boémia mas também pela qualidade em campo e que não fez parte da equipa vencedora, em 1999, do triplete, assume que, naquela altura, era influenciado pelo estilo "pub".
"Havia uma cultura diferente. Era muito britânica, muito carregada, suponho que havia uma cultura pub. Pensávamos: "vamos embebedar-nos, afogar as nossas mágoas e depois jogar no dia seguinte", assinala Lee Sharp, que não grassou boa reputação entre os adeptos.
Para isso contribuiu também, como indicou o ex-futebolista britânico, a menor visibilidade mediática dos jogadores, das equipas e da competição, além de que o clube não estava dotado de uma estrutura que se dedicasse à ciência desportiva (controlo da aptidão).
"Os tempos são agora totalmente diferentes. Quando cheguei a Old Trafford, havia muito poucos jogos de futebol ao vivo na televisão. A Sky [Sports] não estava envolvida, a Premier League não era o que é hoje. Pouco tempo depois de lá chegar, começámos a ter nutricionistas, treinadores de dieta, treinadores de pesos. Há um maior nível agora", compara Lee Sharp.
Volvidos mais de 20 anos, o antigo avançado do Manchester United, em declarações ao Manchester Evening News, admite que a relação com Alex Ferguson se deteriorou ao longo da passagem pelo clube e que não mantém, nos dias de hoje, contacto com o técnico.
"Tivemos apenas uma diferença de opinião sobre como queríamos gerir as nossas vidas, suponho eu. Ele queria ganhar jogos de futebol, eu queria jogar bem no futebol e ganhar jogos, apenas tínhamos formas diferentes de o fazer", explicou.
Lee Sharp orgulha-se, porém, de ter jogado "no maior clube do mundo" ao lado de "alguns dos melhores jogadores daquela geração". "Foi uma altura fantástica", elogiou o vencedor de três Premier League, três Taças FA e uma Taça das Taças pelos red devils.
Relembrado o passado, o ex-avançado britânico abordou o presente do Manchester United. No lugar antes ocupado por Ferguson, está o antigo pupilo Solskjaer, que, na opinião de Sharp, está a tentar seguir os passos dados por "Fergie".
"Posso ver semelhanças no que Ole está a tentar fazer em comparação com Sir Alex Ferguson. Sempre jogaram futebol ofensivo e excitante, para ganhar jogos e marcar golos. Essa tem sido sempre a filosofia do Manchester United", considerou Sharp.