"Antes, olhavam-me de lado, achavam que eu ia roubar. Agora pedem-me fotos"
Walter jogou no FC Porto entre 2010 e 2011. Depois acumulou sucessivos empréstimos, mas não voltou a ganhar lugar no plantel. Teve uma infância difícil e uma carreira com alguma polémica, mas o brasileiro diz que venceu na vida.
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Walter tem feito uma carreira algo sinuosa e a vida do brasileiro também não tem sido fácil. Em criança viu o irmão ser assassinado e a família passou muitas dificuldades. Agora está suspenso por doping, mas poderá voltar a jogar futebol em julho ao serviço do Góias.
Numa entrevista ao GloboEsporte, o antigo avançado do FC Porto puxou a fita atrás e recordou alguns momentos da infância, dizendo que, se não fosse o futebol, provavelmente teria escolhido caminhos perigosos.
"Antes, eu entrava no supermercado e as pessoas olhavam para mim de lado, achavam que eu ia roubar. Hoje não. Vou ao supermercado e pedem-me para tirar fotos. Eu venci na vida", começou por dizer.
"Aos sete, oito anos, vi o meu irmão a ser morto. Sofri muito, mas disse que ia dar a volta por cima, que daria uma casa para a minha mãe e consegui. (...) A minha mãe trabalhava, mas nunca teve algo fixo. Trabalhou em bares, a vender produtos cosméticos... À noite, ia para os bares e depois trazia-nos o jantar. Enquanto não chegava, nós comíamos só um pão com café", referiu Walter, 30 anos.
"Perdi muitos amigos, porque escolheram a vida errada. E eu também poderia ter ido se não fosse o futebol. Se eu me encontrasse comigo mesmo em criança dizia para seguir o mesmo caminho. Uma pessoa que nunca roubou, nunca bebeu, não tem vícios, mas que poderia ter escolhido o caminho totalmente errado. Eu vi tudo na minha vida. Vi morte à minha frente, vi amigos a virar bandidos, tive muito perto das drogas, do vício. Mas eu só pensava em sair daquele lugar e poder comprar uma casa para a minha mãe", contou o dianteiro.
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