"Alguns brasileiros fizeram mais de 1000 km até ao aeroporto mais próximo"
Fábio Carille, treinador do Al-Ittihad na Arábia Saudita, fala a O JOGO do processo de repatriamento para o Brasil.
Corpo do artigo
Fábio Carille, que conversou com O JOGO a propósito de Pedrinho, extremo contratado pelo Benfica e com o qual trabalhou no Corinthians (não perca na edição impressa), falou-nos também do processo de repatriamento da Arábia Saudita para o Brasil, dado que o treinador brasileiro orienta o Al-Ittihad. O regresso aconteceu na última quarta-feira.
"Só fiquei pronto para voltar no dia 19 de abril, foi aí que tive o aval do presidente com o qual me reunia para fazer o planeamento futuro da equipa. Temos tudo feito para o cenário de só voltarmos na próxima e também, caso volte a haver campeonato ainda. Alguns brasileiros, fora do futebol é que já estavam um pouco incomodados, pois estavam sem fazer nada há 30 ou 40 dias. Não foi um processo fácil e a embaixada do Brasil trabalhou muito, porque falamos de dois países com modos de governo diferentes e ainda com uma empresa de aviação pelo meio. Passámos por quatro cidades da Arábia Saudita e mesmo assim houve brasileiros que se deslocaram mais de 1000 km para chegar ao aeroporto mais próximo", conta Fábio Carille, já na terra natal.
"Voltámos muito felizes. Algumas pessoas do futebol, com crianças pequenas, ficaram lá, mas quase todas as pessoas do futebol regressaram. Éramos 97, entre jogadores, treinadores e familiares e cerca de 40 pessoas que não eram ligadas ao futebol. O voo era para 183 pessoas, mas houve várias desistências de última hora, com receio de não conseguirem voltar, porque o espaço aéreo da Arábia Saudita está fechado. Então, havia medo de perderem os seus trabalhos", explica o técnico, à espera de ordens para voltar.
12141949
"Está tudo fechado lá e as punições são severas para quem não cumprir. Vamos esperar por decisão do Ministério da Saúde para que o futebol volte, mas acho que vai demorar. O rei e governo preocupam-se em dar as melhores condições ao povo e enquanto houver algum risco acredito que continuará tudo fechado. Tenho contrato até ao próximo ano e voltámos ao Brasil sem data para voltar. Vamos aguardar", diz.
Sobre a situação no Brasil, o retrato é diferente. "Já me isolei e vou ficar assim 14 dias. Acredito que não vamos ter problemas, porque já estávamos fechados em casa na Arábia. O aeroporto estava aberto só para nós e no Brasil também só nós passámos por Guarulhos. Mesmo assim, vou fazer todo o procedimento indicado. Na Arábia, tinha certamente mais segurança, pois não há muitos casos. Infelizmente, no Brasil não tem havido entendimento entre os nossos governantes e por aí, também tem assustado muito as pessoas", assume, admitindo