Alemanha troca Adidas pela Nike após sete décadas: "Desejava mais patriotismo económico"
Alemanha troca a Adidas pela Nike, pela qual anunciou parceria de 2027 a 2034. Receberá alegadamente o dobro, ou seja, cem milhões de euros por ano
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A federação alemã de futebol (DFB) anunciou na quinta-feira ter assinado com a Nike para equipar a seleção nacional de 2027 a 2034, uma decisão que gerou uma onda de contestação no país. A marca norte-americana pagará, segundo várias fontes, cem milhões de euros por ano (o valor do novo contrato é considerado confidencial pela DFB e não foi confirmado), o dobro do que pagava a Adidas.
Com a Adidas, a Alemanha conquistou quatro mundiais e três europeus, no futebol masculino, e dois mundiais e oito europeus com a seleção feminina.
Bernd Neuendorf, presidente da DFB, afirmou, no anúncio da futura parceria: "Estamos ansiosos por trabalhar com a Nike e pela confiança que depositaram em nós. A futura parceria permitirá à DFB continuar a desempenhar tarefas fundamentais na próxima década, tendo em vista o desenvolvimento global do futebol na Alemanha. Mas uma coisa também é clara: até dezembro de 2026, estaremos totalmente empenhados no sucesso conjunto do nosso parceiro de longa data e atual, a Adidas, a quem o futebol alemão deve muito há mais de sete décadas".
O Holger Blask, Presidente do Conselho Executivo da DFB, explicou a decisão: "A adjudicação ao futuro parceiro de equipamento Nike é o resultado de um concurso transparente e não discriminatório. A Nike apresentou, de longe, a melhor proposta económica e também impressionou pela sua visão."
A Alemanha veste Adidas, uma marca alemã, há mais de sete décadas. Os alemães contestam uma alegada falta de sentido de patriotismo e traição à identidade alemã na decisão tomada de trocar de patrocinador.
"Não posso imaginar a camisola da Alemanha sem as três linhas. Alemanha e Adidas são como um todo. Desejava um pouco de patriotismo económico", disse o ministro Robert Habeck.
A deputada Dorothee Bar disse tratar-se de uma "equivocação desalmada".
O jornal Bild fez um inquérito online sobre a mudança e de 400 mil participantes, 85% manifestaram-se contra.
Olaf Scholz, chanceler alemão, disse que "o importante é que se marquem golos", desvalorizando a mudança.
Já o chefe da oposição ao governo, falou em "decisão incompreensível e antipatriótica".